SIMPATRIA MEDIADA PELO TAMANHO CORPóREO: COEXISTêNCIA DE TRêS SERPENTES CONGENéRICAS NO SEMIáRIDO BRASILEIRO
Ecomorfologia; Ecologia trófica; Ecologia reprodutiva; Caatinga.
A coexistência de espécies requer mínimas distinções entre elas e geralmente envolvem diferenças morfológicas, porém estudos sobre esse tema tendo serpentes como modelo de estudo, ainda são escassos para muitos ambientes. Com base nisso, avaliamos a influência da dissimilaridade morfológica sobre a ecologia trófica e reprodutiva de três espécies de serpentes simpátricas no semiárido brasileiro (Erythrolamprus mossoroensis, E. poecilogyrus e E. viridis). Para isso, analisamos exemplares de coleções científicas, onde registramos medidas morfométricas dos espécimes, bem como inspecionamos seus conteúdos estomacais e gônadas. Nossos resultados revelaram que as espécies diferiram em sua morfologia tanto interespecificamente como intersexualmente. O volume das presas consumidas foi influenciado pelo tamanho das serpentes, embora não tenha diferido entre as espécies. Todas as espécies apresentaram relação positiva entre o tamanho das fêmeas e o tamanho da prole, bem como entre o tamanho da ninhada e o volume dos ovos. Assim, uma vez que as espécies foram segregadas por distinções morfológicas e que o as dimensões corpóreas influenciaram sua ecologia trófica e reprodutiva, é provável que estas diferenças morfológicas possam explicar a coexistência destas espécies no semiárido brasileiro. Nossos achados contribuem para explicar a coexistência de serpentes congenéricas em simpatria, bem como ampliam o conhecimento ecológico sobre serpentes na Caatinga.