ADAPTAÇÕES DE ABELHAS SEM FERRÃO NATIVAS DA CAATINGA (Melipona subnitida) PARA LIDAR COM AS TEMPERATURAS ELEVADAS DURANTE O FORRAGEAMENTO
Abelha sem Ferrão, Temperatura Critica, Temperatura Corporal, Termorregulação, Caatinga
A Floresta Tropical Seca brasileira, a Caatinga, é um ambiente termicamente desafiador para as abelhas. Para sobreviver neste ambiente, as abelhas precisam de adaptações que as permitam lidar com temperaturas elevadas ao longo do ano. O objetivo do presente estudo foi investigar as adaptações de abelhas sem ferrão para lidar com as condições térmicas da Caatinga. A Melipona subnitida foi utilizada como modelo de estudo. Foi analisado (1) o tempo de aclimatação adequado e a CTmax (Temperatura Crítica Máxima) dessa espécie de abelha e (2) o efeito da temperatura ambiente coletada ao sol (Ta) sobre a temperatura torácica das forrageadoras (Ttx); (3) a possível transferência de calor do tórax para o abdômen, mensurando a diferença de temperaturas entre estas duas áreas, em função da temperatura ambiente, para abelhas vivas e mortas, e (4) o papel do pelo torácico na velocidade de aquecimento e resfriamento das abelhas. (1) O tempo de aclimatação mais adequado foi 48 horas e a CTmax das abelhas foi superior a 50°C. (2) A Ttx apresentou uma relação positiva com Ta, sendo que, em Ta baixas a Ttx da se manteve acima da Ta e abaixo em Ta elevadas. (3) acontece uma possível transferência ativa de calor do tórax (Ttx) para o abdômen (Tabd), pois a medida que a Ta aumenta, a diferença da Ttx e da Tabd diminui. (4) O pelo funciona como um retardador do aquecimento da M. subnitida, onde as abelhas com o pelo removido aqueceram mais rápido que as abelhas com a pelagem natural. M. subnitida consegue tolerar temperaturas superiores às encontradas no ambiente e controla a temperatura corporal quando esta supera seu limite térmico através de mecanismos ativos e passivos, o que permite que esta espécie consiga forragear em temperaturas elevadas. Assim, essa abelha é bastante adaptada as condições térmicas da Caatinga. Resultados como estes dão subsídios para entender como as abelhas lidarão com o aumento da temperatura, o que vai ser importante para possíveis ações voltadas para a conservação desta espécie.