EFEITO DA TURBIDEZ E MACROFITAS AQUÁTICAS NO CONSUMO E SELETIVIDADE NO TAMANHO DE PRESAS PELO Cichla kelberi (Kullander & Ferreira, 2006).
Predador, tucunaré, piscívoro, espécies exóticas, ecossistemas aquáticos.
Espécies alienígenas são causadoras de diversos impactos ecológicos em ecossistemas aquáticos em todo o mundo. Por exemplo, a introduções de peixes alienígenas de hábito piscívoro têm sido associadas a drásticas reduções na diversidade local de assembleias de peixes nativos, através de mecanismos de predação. Assim, compreender fatores ambientais relacionados à predação e seletividade de peixes piscívoro alienígenas é fundamental para prever impactos. Alguns fatores podem limitar o potencial invasivo e o estabelecimento dessas espécies não nativas devido a redução da captura de presas, tais como turbidez e complexidade de hábitat como a presença de macrófitas como abrigo. Diante disso, este estudo foi necessário para compreender melhor os fatores que podem ser limitantes ao potencial invasivo do predador alienígena Cichla kelberi, no qual foram avaliados experimentalmente em um delineamento inteiramente casualisado os fatores turbidez e complexidade de habitat na forma de presença e ausência de macrófitas. A seletividade de presas foi avaliado pelo índice de Chesson. O experimento foi realizado no centro de aquicultura da UFERSA, em tanques plásticos, contendo aproximadamente 500L de água, cada um com a presença de único predador, que foi submetido a ambientes onde a turbidez apresentava 3 níveis distintos (0, 60 e 120 NTU); 2 de macrófitas (presença e ausência) e ainda foram ofertados 2 tamanhos de presas diferentes (a menor com 2,87 ± 0,25 cm e a maior com 3,91 ± 0,11 cm). Os resultados desse estudo revelaram que em níveis elevados de turbidez (120 NTU) o consumo de presas foi reduzido significativamente; a presença de macrófitas aquáticas não interferiu no consumo do predador e embora tenha sido observado preferência por presas de menor tamanho de Oreochromis niloticus em relação as de maior tamanho, a seletividade não foi significativa. Concluindo, o presente estudo apresentou informações importantes sobre o alienígena C. kelberi e fatores que podem limitar sua predação e também fornece suporte empírico para explicar porque o C. kelberi, um predador voraz, é tão danoso quando introduzido em reservatórios onde ele não é nativo. Combinados, estes resultados suportam a hipótese do estudo e sugerem que o impacto do risco predação será reduzida em ecossistemas aquáticos de alta turbidez.