MORFOLOGIA DA LÍNGUA DO RATO-DE-NARIZ-VERMELHO (Wiedomys pyrrhorhinus WIED-NEUWIED,
1821).
Anatomia. Botão gustativo. Papila lingual. Rodentia. Sigmodontinae.
O estudo morfológico da língua é uma ferramenta interessante para desenvolver correlações com
hábitos alimentares e compreender processos evolutivos. O presente estudo teve como objetivo
descrever a morfologia da língua de Wiedomys pyrrhorhinus, a fim de estabelecer um modelo padrão
para a espécie e inferir possíveis relações aos seus hábitos alimentares. Foram utilizadas cinco línguas
de fêmeas adultas, coletadas e armazenadas em paraformaldeído a 4% e glutaraldeído a 2,5%. As
línguas foram analisadas quanto à macroscopia, microscopia de luz, histoquímica e microscopia
eletrônica de varredura. Os resultados mostraram que a língua estava dividida em ápice (porção rostral),
corpo (porção média) e raiz (porção caudal). Foram identificados diferentes tipos de papilas, como
filiformes (mecânicas), fungiformes, foliadas e valada (gustativas). As papilas filiformes apresentaram
variações morfológicas, incluindo papilas longas e curtas pontiagudas, longas bifurcadas, longas
trifurcadas e papilas largas multifurcadas. As papilas fungiformes apresentavam formato de cúpula,
com um botão gustativo no topo. Papilas foliadas estavam localizadas bilateralmente na margem
dorsolateral da raiz da língua, com numerosos botões gustativos nas paredes laterais. Na região central
da raiz, havia uma única papila valada oval, circundada por um sulco profundo, com muitos botões
gustativos nas paredes do sulco. O epitélio estava organizado em camadas, incluindo camadas
queratinizada, granulosa, espinhosa e basal, abaixo das quais se encontravam a lâmina própria fina e
delgada, e uma musculatura bem desenvolvida, que continham agrupamentos de glândulas mucosas e
serosas na raiz da língua. Conclui-se que a morfologia da língua de W. pyrrhorhinus, caracterizada pela
presença de papilas filiformes, fungiformes, foliadas e valadas, configura-se como um padrão
adaptativo coerente com seu hábito onívoro. Além disso, a semelhança observada com espécies
filogeneticamente próximas, como Clethrionomys glareolus, reforça a hipótese de conservação
evolutiva dessa configuração anatômica dentro da família Cricetidae.