PRÓPOLIS E GEOPRÓPOLIS VERDE DO SEMIÁRIDO DO BRASIL: CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA, ORIGEM BOTÂNICA E ATIVIDADE BIOLÓGICA
Resina das abelhas. Apis mellifera. Scaptotrigona aff. depillis. Mimosa tenuiflora. Compostos fenólicos. Apicultura do semiárido. Caatinga
Na região Nordeste do Brasil, estudos que objetivam identificar os compostos presentes nas própolis tem se expandido nos últimos anos. No entanto, até o presente momento, o conhecimento sobre os tipos de própolis e geoprópolis da região de semiárido do Nordeste brasileiro é escasso. Para suprir essa necessidade, objetivou-se fazer uma investigação a respeito de um tipo de própolis e de geoprópolis, ambas de coloração verde, produzidas nessa região. Foram coletadas amostras de própolis e de geoprópolis no estado do RN, Brasil. Também foram coletados folíolos jovens e maduros de jurema-preta (Mimosa tenuiflora), principal suspeita de ser a fonte botânica dessas amostras. As amostras de própolis, geoprópolis e folíolos foram submetidas a extração etanólica em Soxhlet por 6 horas. Extratos das amostras de própolis e geoprópolis foram utilizados para avaliação de parâmetros básicos para comercialização. Posteriormente, os extratos de própolis, geoprópolis e folíolos seguiram para análise em HPLC-MS, onde foram quantificados e identificados os seus respectivos compostos fenólicos. Por fim, as amostras passaram por dois testes para identificação da origem botânica: 1) Comparação de compostos químicos presentes nos extratos dos folíolos de M. tenuiflora, própolis e geoprópolis. 2) Comparação microscópica dos tecidos vegetais de M. tenuiflora com os encontrados nas amostras de própolis e geoprópolis. Na avaliação dos parâmetros básicos para comercialização, as amostras de própolis e geoprópolis obtiveram valores aceitáveis conforme a legislação vigente, apresentando alta atividade antioxidante. Estas possuíam níveis de flavonoides totais acima do comum para própolis brasileiras (117 e 98,5 g/kg−1, própolis e geoprópolis, respectivamente). Foram encontrados 18 compostos fenólicos nos extratos etanólicos de folíolos de M. tenuiflora e da própolis, na sua maioria flavonóis e chalconas. Desses, dez foram encontrados no extrato de geoprópolis verde, além de outros 6 compostos distintos. Na análise microscópica foram encontrados diversos folíolos de M. tenuiflora, tanto na própolis como na geoprópolis. Também foi possível descrever algumas estruturas epidérmicas da planta e avaliar algumas de suas características particulares. Conclui-se que própolis e geoprópolis verdes do semiárido possuem qualidade para comercialização, estando seus parâmetros dentro do indicado pela legislação, e que M. tenuiflora é a fonte botânica da própolis e geoprópolis verdes do semiárido. Esse trabalho servirá como base para pesquisas futuras que visem a otimização da apicultura no semiárido brasileiro e preservação de espécies endêmicas importantes como M. tenuiflora.