EFEITOS DA ESTAÇÃO DO ANO E DO HORÁRIO DE COLHEITA NAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICA E TECNOLÓGICA DA MUCILAGEM E BIOFILMES DE CLONES DE PALMA FORRAGEIRA
Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck. Opuntia stricta (Haw.)Haw.). Cactaceae. FTIR. MEV
Cladódios de palma forrageira (Opuntia spp. e Nopalea spp.) são fonte de mucilagem, um complexo fitoquímico composto principalmente por carboidratos e outras macromoléculas e substâncias inorgânicas, que proporcionam múltiplas aplicações para a indústria. No entanto, alguns estudos evidenciaram que as propriedades físico-químicas e tecnológicas da mucilagem são moduladas pelo ambiente e por manejos agronômicos. Neste sentido, foram realizados dois estudos. No primeiro, avaliou-se o efeito de diferentes clones e estações do ano nas propriedades da mucilagem e de seus biofilmes. Para isso, cladódios de dois clones: Miúda (MIU) (Nopalea cochenillifera (L.) Salm-Dyck) e orelha de elefante mexicana (OEM) (Opuntia stricta (Haw.)Haw.) foram colhidos na área experimental da Universidade Federal Rural de Pernambuco durante três estações do ano, julho/2021 (estação de transição: chuvosa-seca); outubro/2021 (seca); janeiro/2022 (chuvosa). A mucilagem foi extraída e suas características físico-químicas foram avaliadas. Para obtenção do biofilme, a mucilagem foi hidratada 4% (p/v), adicionado glicerol 50% (v/v), e a mistura foi seca em estufa. Nos biofilmes foram estudadas as propriedades físico-químicas; ópticas, mecânicas e microestruturais. Mucilagens do clone MIU apresentou menor teor de compostos fenólicos, e biofilmes mais permeáveis ao vapor de água e com coloração mais branca em relação a OEM. Mucilagens com maior teor de carboidratos, sólidos solúveis, densidade e rendimento foram obtidas na estação seca. e os biofilmes foram menos solúveis em água. Por outro lado, a mucilagem de OEM obtida das estações chuvosa e da transição chuvosa-seca, apresentaram maiores, condutividade elétrica e teor de potássio, e os biofilmes foram mais resistentes à ruptura, evidenciado por uma microestrutura mais homogênea e compacta. Além disso a mucilagem de OEM na estação chuvosa apresentou maior acidez titulável e os biofilmes foram mais espessos. Com base nessas propriedades, a estação chuvosa foi selecionada para conduzir o segundo estudo. Neste estudo, objetivou-se avaliar o efeito dos clones (MIU e OEM) e dos horários de colheita (6:00 e 20:00h) nas propriedades da mucilagem e dos biofilmes. A colheita às 6:00h proporcionou o maior rendimento da mucilagem, maior teor de potássio e biofilmes com menor teor de umidade, menor solubilidade em água e maior resistência à ruptura em ambos os clones, evidenciado por uma microestrutura mais homogênea. Por outro lado, a microestrutura de biofilmes obtidos de mucilagens extraídas às 20:00h apresentou mais poros e fissuras. Nos dois estudos a espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) revelou picos de absorção que indicam a presença dos grupos químicos característicos de polissacarídeos. Dessa forma, a mucilagem de palma forrageira possui propriedades tecnológicas para a fabricação de biofilmes. Entretanto a estação de transição e a chuvosa, assim, como a colheita às 6:00h apresentaram mucilagens com propriedades físico-químicas que proporcionaram o aumento da resistência do biofilme.