CICLOS DESCONTÍNUOS DE HIDRATAÇÃO COM ELICITORES DO ESTRESSE SALINO EM SEMENTES DE ESPÉCIES CULTIVADAS E FLORESTAIS
Germinação. Homeostase osmótica. Memória hídrica. Salinidade.
O estresse salino reduz a disponibilidade hídrica e afeta os processos iniciais de germinação. Com isso, a hidratação das sementes é o primeiro processo afetado, seguido da redução do crescimento de plântulas. Nas regiões áridas e semiáridas a indisponibilidade hídrica ocorre naturalmente pelas condições ambientais e climáticas que caracterizam estas regiões, mas podem ser intensificas por ações antrópicas. Ciclos descontínuos de hidratação ocorrem naturalmente nessas regiões. Isso tem favorecido a germinação e promovido a aclimatação das espécies vegetais nativas que ocorrem nas regiões, como a Mimosa caesalpiniifolia e Pityrocarpa moniliformis, ou para as espécies cultivadas em condição de sequeiro como Zea mays e Vigna unguiculata. A aplicação estratégica dos ciclos descontínuos de hidratação em conjunto com elicitores do estresse abiótico nas sementes pode melhorar a germinação e a sobrevivência das plântulas em condições de baixo potencial osmótico induzido pelo estresse salino. Objetivou-se avaliar a ação de ciclos descontínuos de hidratação com diferentes agentes elicitores do estresse salino em sementes de milho e feijão-caupi, como também nas espécies florestais M. caesalpiniifolia e P. moniliformes, por meio de avaliações fisiológicas (germinação, vigor, crescimento e acúmulo de biomassa) e bioquímicas (solutos orgânicos). Nas culturas agrícolas o experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado seguindo o arranjo fatorial 2 x 7, com quatro repetições de 50 sementes. As sementes de milho, cv. BR 206 e a BRS 5037 Cruzeta, e as sementes de feijão-caupi, var. Sempre Verde e Pingo de Ouro, foram submetidas aos seguintes tratamentos: 0,0 mM de NaCl; estresse salino - 250 mM de NaCl (milho) e 100 mM de NaCl (feijão-caupi); estresse salino + três ciclos descontínuos de hidratação das sementes em água; estresse salino + CHD com ácido giberélico; estresse salino + CHD em peróxido de hidrogênio; estresse salino + CHD em ácido salicílico; e estresse salino + CHD em ácido ascórbico. Para as florestais, o experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado seguindo o arranjo fatorial 2 x 12, com quatro repetições de 30 sementes. As sementes florestais foram submetidas aos tratamentos controle e salino simulado com 200 mM de NaCl. Os demais tratamentos foram semelhantes aos adotados para as espécies agrícolas, mas aplicados em um e dois ciclos de hidratação. O estresse salino reduziu a germinação, crescimento e acúmulo de biomassa em plântulas de espécies agrícolas e florestais. Os CHD beneficiaram a germinação, crescimento e acúmulo de biomassa de plântulas de milho, feijão-caupi e das espécies florestais sob estresse salino, principalmente por induzir a síntese de osmoprotetores. Os CHD em ácidos giberélico e salicílico mitigaram os efeitos do estresse salino na formação de plântulas de milho e feijão-caupi que se aclimataram e resultaram em maior potencial germinativo, crescimento e biomassa sob estresse salino de 250 e 100 mM NaCl, respectivamente. Os melhores resultados para as espécies agrícolas foram obtidos após CHD com ácido giberélico e ácido salicílico. Para as espécies florestais, um ciclo de priming em água e dois de priming com ácido giberélico, promoveram maior tolerância ao estresse salino de 200 mM NaCl para P. moniliformis e M. caesalpiniifolia, respectivamente.