COMPORTAMENTO E DESTINO AMBIENTAL DO 14C-SAFLUFENACIL EM SOLOS ALTERADOS OU NÃO POR MATÉRIAS-PRIMAS BRUTAS E BIOCHARS
Adsorção, degradação, persistência, mobilidade de herbicida, solo brasileiro
O conhecimento da dinâmica de herbicidas no solo permite o uso de práticas que aumentem a eficiência no controle das plantas daninhas, aliado ao menor risco de impacto ambiental. Neste estudo foi investigado o papel das propriedades físicas e químicas de solos tropicais no comportamento do saflufenacil no solo, e os efeitos das alterações no solo por matérias-primas brutas e biochars na sorção, dessorção e biodegradação do herbicida. Na primeira etapa do estudo, em nove solos de diferentes regiões do Brasil, a sorção-dessorção foi medida pelo método de equilíbrio em batelada, e a mobilidade do 14C-saflufenacil foi avaliada por cromatografia em camada delgada de solo. O saflufenacil foi fracamente sorvido nos diferentes tipos de solos tropicais, e o processo de sorção é reversível. A capacidade de sorção-dessorção do saflufenacil foi dependente do pH, capacidade de troca de cátions, teor de argila e teor de carbono orgânico e, portanto, esses fatores são essenciais para avaliar os impactos da aplicação do herbicida no ambiente. O teor de carbono orgânico do solo está positivamente correlacionado com a sorção- dessorção do saflufenacil. A mobilidade do saflufenacil varia de móvel (Rf= 0,703) a muito móvel (Rf= 0,994) nos diferentes solos e indica que o herbicida tem potencial de lixiviação nesses tipos de solos. Na segunda etapa, a sorção-dessorção do 14C-saflufenacil em um solo não alterado (controle) e alterado (proporção de 1%, m m-1) por seis matérias-primas brutas e seis biochars obtidos de palha de cana, bagaço de uva, casca de soja, casca de amendoim, bagaço de mandioca e palha de milho foram avaliados por meio do método de equilíbrio em batelada. A biodegradação do 14C-saflufenacil no solo foi avaliada por meio de um estudo de incubação de 45 dias em frascos biométricos contendo solo não alterado e alterado por matéria-prima bruta e biochar de bagaço de uva. As matérias-primas brutas e seus biochars são materiais muito heterogêneos, no entanto, não houve uma tendência de alteração entre as diferentes propriedades físicas e químicas das matérias-primas brutas e seus biochars e a sorção-dessorção e biodegradação do saflufenacil no solo. As matérias-primas brutas e biochars adicionadas ao solo alteram ligeiramente as características de fertilidade do solo e pouco contribuem para o aumento da sorção e da redução da dessorção do saflufenacil. Esses efeitos são ligeiramente maiores no biochar do que na matéria-prima bruta. As porcentagens sorvidas e dessorvidas do saflufenacil no solo não são afetadas de maneira consistente entre os materiais. A extração do saflufenacil no solo diminui com o tempo, devido ao aumento na formação da fração resíduo não extraível. A adição da matéria-prima bruta ou biochar de bagaço de uva ao solo não influencia a mineralização ou o tempo de meia-vida do saflufenacil no solo, o qual variou de 38-43 dias nos tratamentos estudados. Além disso, a maior parte do saflufenacil no solo não se degrada rapidamente, mas permanece no solo em formas não extraíveis. Portanto, os resultados deste estudo aumentam as preocupações sobre a persistência do saflufenacil no solo e pode representar em riscos de contaminação de águas subterrâneas e para o plantio de culturas sensíveis ao herbicida em rotação/sucessão, especialmente quando o saflufenacil é utilizado no manejo de dessecação de lavouras.