MANEJO DA IRRIGAÇÃO NA INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NO SISTEMA DE CULTIVO DE CEBOLA
Dominância, gotejamento, interferência, microaspersão.
Práticas agrícolas funcionam como filtro ecológico de plantas daninhas, selecionando aquelas mais adaptadas ao agrossistema. As características das espécies infestantes e as perturbações promovidas por cultivos moldam a comunidade de plantas daninhas, influenciando o desempenho produtivo das culturas. Dentre as práticas, a irrigação pode afetar diretamente o estabelecimento de algumas espécies de plantas daninhas, e uma comunidade melhor adaptada pode intensificar o grau de interferência sobre a cultura. Este estudo tem como objetivos avaliar as alterações provocadas por dois sistemas de irrigação (microaspersão - alta e gotejamento - baixa taxa de aplicação de água) na comunidade de plantas daninhas ao longo de três safras de cultivo da cebola (Allium cepa L.), e como essas mudanças afetam a produtividade, uso da água e período de interferência dos sistemas. A γ, α, β-diversidade foram alteradas pelo cultivo de cebola ao longo dos três anos de cultivo. O sistema com maior suprimento de água (microaspersão) favoreceu a diversidade e riqueza de plantas daninhas, principalmente no segundo ano de cultivo comparado ao sistema com restrição hídrica (gotejamento). A espécie de planta daninha dominante no primeiro ciclo de cultivo mudou comparado ao último ciclo para os dois sistemas de irrigação. A mudança na comunidade de plantas daninhas entre os anos de cultivo afetou a produtividade de bulbos comerciais e eficiência no uso da água (EUA) da cebola cultivada sob gotejamento e microaspersão. Para cultivos de cebola irrigados por gotejamento, a redução na eficiência no uso da água foi ainda mais drástica. O rendimento relativo da cebola foi influenciado pela duração do período em convivência ou livre de plantas daninhas, independentemente dos sistemas de irrigação. Períodos crescentes de interferência de plantas daninhas reduziram significativamente a produção de cebola em todos os anos. No sistema de gotejamento, o período crítico de prevenção (PCPI) variou de 25 a 36 DAE em 2016, 12 a 28 DAE em 2017 e 16 a 89 DAE em 2018 com base no nível de 5% de perda de rendimento aceitável. No sistema de microaspersão o PCPI variou de 06 a 24 DAE em 2016, 10 a 62 DAE em 2017 e 24 a 65 DAE em 2018. A duração do PCPI depende do sistema de irrigação utilizado e da composição da comunidade infestante. Os sistemas de irrigação influenciam o início e o fim do PCPI. Plantas daninhas reduzem a sustentabilidade do sistema de cultivo da cebola irrigada quando elas não são controladas.