Desenvolvimento de revestimentos à base de polissacarídeos de algas marinhas com e sem adição de cera de carnaúba para conservação pós-colheita de mangas ‘Tommy Atkins’”
Embalagem, revestimentos, polissacarídeos, cera de carnaúba, manga ‘Tommy Atkins’
Segundo o Anuário Brasileiro da Fruticultura 2014/2015, a manga tornou-se a fruta número um no ranking das exportações nacionais em receita. Em volume, ainda está longe do líder, o melão. As frutas de origem tropical como a manga apresentam intensa atividade metabólica, tornando-se altamente perecíveis, entrando em senescência rapidamente após o amadurecimento. Logo, é extremamente importante a adoção de técnicas que venham retardar o seu intenso metabolismo, visando a redução de perdas pós-colheita e a ampliação do período de conservação, proporcionando a comercialização de frutas de excelente qualidade, tanto sensorial quanto nutricional, especialmente para o consumo “in natura”. O uso de revestimentos em frutas pode ser efetivo na sua conservação, apresentando-se como uma alternativa. Polissacarídeos têm ganhado aplicações valiosas e interessantes nas áreas alimentícias e farmacêuticas. A carragenana é um polissacarídeo derivado a partir de fonte natural, que é facilmente disponível, não-tóxico, biodegradável e biocompatível, podendo ser utilizado como revestimento associada à atmosfera modificada passiva, visando a conservação pós-colheita em frutas e evitando danos recorrentes às injúrias pelo frio atuando como alternativas às embalagens sintéticas, que causam preocupações ambientais. Neste estudo, foram elaborados revestimentos à base de polissacarídeos (iota e kappa-carragenana) com e sem adição de cera de carnaúba (T1, T2, T3, T4 e T5) e aplicados em mangas ‘Tommy Atkins’ armazenadas durante 0, 7, 14 e 21 dias sob refrigeração (12 ± 3 ºC). Avaliou-se o efeito desses revestimentos sobre a perda de massa, coloração da casca, taxa respiratória, firmeza, extravasamento de eletrólitos, pH, sólidos solúveis, acidez titulável, relação entre sólidos solúveis e acidez, vitamina C e açúcares totais. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 5x4 com cinco tratamentos (controle + revestimentos) e quatro períodos de armazenamento (0, 7, 14 e 21 dias) e três repetições constituídas por três frutos cada repetição. As propriedades mecânicas e térmicas, cor além de espectros de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) dos filmes, foram estudadas. Os resultados obtidos neste trabalho com a aplicação dos revestimentos biodegradáveis utilizados em mangas ‘Tommy Atkins’ mostraram efeito positivo na qualidade dos frutos e contribuíram para aumentar a vida útil do fruto quando comparados aos frutos do grupo controle. A cera de carnaúba utilizada em três, dos cinco tratamentos reforça a manutenção da qualidade do fruto. Permeabilidade ao vapor de água não foi afetada pela incorporação de cera de carnaúba, o que indica que este constituinte pode ser interessante para aplicações que requerem boa barreira de água e resistência. Por outro lado, cera de carnaúba apresentou efeito plastificante sobre as películas, baixando a temperatura de transição vítrea, e diminuindo a resistência do filme e rigidez, reforçando simultaneamente o alongamento. Todos os filmes estudados apresentaram alta luminosidade (L @ 90) e baixos valores de a* e b* caracterizando assim filmes transparentes e levemente acinzentados. A incorporação de cera de carnaúba, por minimizar o teor hidrofílico da matriz filmogênica, não alterou significativamente a permeabilidade ao vapor de água. Por outro lado, a cera de carnaúba reduziu a resistência à tração e o módulo elástico. Para a elongação na ruptura a cera de carnaúba não favoreceu a elongação para o tratamento 3. As proporções relativas de iota e kappa-carragenana e alginato não apresentam efeitos significativos sobre as propriedades físicas dos filmes resultantes dentro das faixas estudadas, provavelmente porque ambos os componentes são polissacáridos com algumas propriedades semelhantes quando formam filmes. A presença de cera nos filmes promoveu o aparecimento de picos endotérmicos na curva de fluxo de calor. Entretanto, nos filmes, sem o conteúdo hidrofóbico, picos endotérmicos não foram observados, com isto pode-se concluir que houve uma interação entre os materiais utilizados.