AÇÃO DE ATENUADORES NA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E TOLERÂNCIA DE CULTIVARES DE ABÓBORA SUBMETIDAS AOS ESTRESSES ABIÓTICOS
Cucurbitáceas, estresse hídrico, estresse salino, mitigadores de estresse, atividade enzimática.
A abóbora (Cucurbita moschata Duch) e abobrinha (C. pepo L.) são cucurbitáceas de grande importância socioeconômica no Brasil, destacando-se a região Nordeste com maior produção. Dentre os principais problemas que reduzem a produção estão os estresses abióticos, principalmente nas fases iniciais do desenvolvimento. Dessa forma, técnicas que visem mitigar os efeitos nocivos dos estresses abióticos sobre as culturas é de grande importância para o alcance da máxima eficiência produtiva. Com isso, objetivou-se avaliar a ação de atenuadores na atividade antioxidante e tolerância de cultivares de abóboras submetidas ao estresse abiótico. O estudo foi realizado em duas etapas, envolvendo seis cultivares (Tetsukabuto, Soberana, Kin, Bahiana Tropical, Sergipana e Adele). Na primeira etapa, buscou-se identificar cultivares tolerantes e sensíveis aos estresses, simulados com soluções de polietilenoglicol (PEG 6000) e cloreto de sódio (NaCl) em diferentes potenciais osmóticos (hídrico: 0, -0,15 e -0,3 MPa; salino: 0, -0,2 e -0,4 MPa). Foram avaliados parâmetros como germinação, índice de velocidade de germinação (IVG), crescimento da parte aérea e raízes, biomassa seca e variáveis bioquímicas, incluindo prolina, açúcares solúveis totais e citrulina. A cultivar Adele destacou-se pela maior tolerância a ambos os estresses, mantendo germinação superior a 90% e IVG elevado mesmo sob condições adversas, enquanto Tetsukabuto foi identificada como a mais sensível. Na segunda etapa, sementes das cultivares mais tolerante e mais sensível foram submetidas a pré-tratamentos com hidrocondicionamento, ácido giberélico (AG3), ácido salicílico (AS) e ácido ascórbico (AAS) durante 8 horas. Após os tratamentos, as sementes germinaram sob os níveis mais severos de estresse hídrico (-0,15 MPa) e salino (-0,4 MPa). Além das avaliações da etapa anterior, foram analisados danos oxidativos, medidos pela quantificação de peróxido de hidrogênio e peroxidação lipídica (MDA), e a atividade antioxidante das enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e ascorbato peroxidase (APX). Os estresses reduziram significativamente a germinação, o crescimento e a biomassa das cultivares, evidenciando o impacto negativo das condições adversas. Entretanto, os tratamentos pré-germinativos mitigaram os danos, promovendo maior resiliência e desempenho das plântulas. Dentre os atenuadores, o ácido giberélico destacou-se por aumentar o comprimento radicular e a biomassa seca das raízes, com incremento de até 311,4% sob déficit hídrico e expressivo crescimento em condições salinas. O ácido salicílico e o ácido ascórbico reduziram os danos oxidativos, promovendo menor acúmulo de peróxido de hidrogênio e maior recuperação da parte aérea. O hidrocondicionamento contribuiu para a uniformidade e velocidade de germinação, enquanto a cultivar Adele demonstrou maior capacidade antioxidante, com redução na peroxidação lipídica e maior atividade das enzimas SOD, CAT e APX. Os resultados indicam que os estresses hídrico e salino afetam de maneira semelhante o metabolismo antioxidante das plantas, comprometendo processos fisiológicos e bioquímicos essenciais para o desenvolvimento inicial. No entanto, a aplicação de atenuadores, especialmente ácido giberélico e ácido salicílico, associada à seleção de cultivares tolerantes, mostrou-se eficaz na mitigação desses efeitos. A combinação dessas estratégias pode ser uma ferramenta promissora para sistemas agrícolas em regiões afetadas por limitações hídricas e salinas, contribuindo para a sustentabilidade e maior eficiência produtiva em condições adversas. Conclui-se que o manejo integrado com reguladores de crescimento e cultivares adaptadas é essencial para enfrentar os desafios impostos pelos estresses abióticos, garantindo maior resiliência e produtividade das culturas de abóbora.