Representações Sociais das Trabalhadoras do Sexo no Jornal O Mossoroense (1980-2000)
Trabalho sexual; Mulheres; Interdisciplinaridade; Jornais; Mossoró.
Muito se ouve falar do trabalho sexual como um dos mais antigos ofícios já registrados na história das sociedades, caracterizando-se como um fenômeno social incrivelmente diverso e predominante no meio urbano, embora com novas configurações conforme as peculiaridades do crescimento urbano, e subjetividades daquelas/es que a constituem (Rago, 1991). Este trabalho teve como objetivo geral pesquisar acerca das representações sociais das trabalhadoras sexuais em jornais de Mossoró (1980 – 2000), e como objetivos específicos buscou: 1) analisar as relações de poder entre as trabalhadoras sexuais e as instâncias de controle dos corpos (proprietários/as de estabelecimentos e aparato policial); 2) cartografar o processo de formação de territórios das trabalhadoras sexuais em Mossoró/RN; e por fim, 3) problematizar as identidades de gênero das trabalhadoras sexuais que se configuravam sob a ótica da imprensa. Para este fim, realizamos uma pesquisa qualitativa, documental e hemerográfica (investigação em textos jornalísticos) nas edições do jornal “O Mossoroense”, publicados entre os anos de 1980 a 2000. Numa perspectiva interdisciplinar, para a construção do marco teórico-conceitual, nos utilizaremos das ideias de autores/as que abordam as temáticas acerca do trabalho sexual, feminismos, formação de territórios, e relações de poder, tais como: Roberts (1998), Ramalho (2012), Butler (2003), Piscitelli (2012), Collins e Bilge (2021), Scott (1999), Perlongher (1987), Foucault (1998; 1999; 2007), Rago (1991). Além de aproximarmos essa discussão ao conceito de formação de territorialidades proposto por Néstor Perlongher (1987) na construção da cartografia proposta. Quanto à metodologia, os jornais impressos como fonte de pesquisa socio histórica tornam-se documentos importantes à título de pesquisa, considerando que o discurso da imprensa não se restringe apenas a um conjunto de vocabulários, mas como ferramenta capaz de desvelar as relações sociais entre sujeitos, partindo do princípio de que são registros de acontecimentos de um tempo e espaço (Carneiro, 2014). Para a análise dos dados da pesquisa, utilizamos as discussões sobre análise do discurso de Michel Foucault (2007) enquanto ferramenta capaz de possibilitar a percepção para além do explícito nas páginas dos jornais em suas ressonâncias das relações de poder e das condições de possibilidades de uma determinada época.