Metacognição e emoções no ensino remoto emergencial
metacognição; emoções; universitários; pandemia; ensino remoto emergencial.
A metacognição, construto compreendido como a consciência sobre o próprio funcionamento cognitivo, possibilita o indivíduo usar deste conhecimento para atingir objetivos, gerenciar dificuldades e autorregular-se, sendo amplamente estudado no campo da educação devido sua importância para o processo de aprendizagem. As emoções também desempenham um papel importante na aprendizagem humana, pois orientam comportamentos, necessidades, interesses e motivações do indivíduo e são respostas a estímulos, podendo guiar processos metacognitivos de automonitoramento ou permear experiências metacognitivas. Estas duas dimensões são relevantes para se compreender a vivência discente durante o ensino remoto emergencial (ERE). Esta modalidade de ensino foi implementada em decorrência da pandemia do COVID-19, a qual repercutiu nesta e em outras mudanças para os modos de vida da sociedade. Com isto, o objetivo deste trabalho foi analisar as relações entre a metacognição e aspectos emocionais de discentes da graduação com suas vivências e condições de estudo no ERE. Caracterizou-se como uma pesquisa transversal e descritiva, com uma abordagem quantitativa, desenvolvida com discentes da graduação dos quatro campi da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Desta população, considerando-se os alunos com matrícula ativa e maiores de 18 anos, excluindo-se os estudantes que trancaram todas as disciplinas matriculadas e adotando-se uma amostragem não-probabilística com nível de confiança de 95% e margem de erro de 6%, chegou-se a uma amostra de 329 estudantes. Os instrumentos utilizados foram: um questionário sociobiodemográfico sobre o perfil dos estudantes, seus meios de acesso às aulas e atividades acadêmicas online, ambiente que dispõem para estudar, suas vivências e emoções relacionadas aos processos educacionais neste semestre; e um instrumento de avaliação de estratégias metacognitivas. Os dados foram coletados on-line por meio da ferramenta Google Forms e analisados estatisticamente. Sobre o perfil dos participantes, percebe-se um equilíbrio entre mulheres (47,72%) e homens (52,28%), com uma média da idade marcada por adultos jovens, predominantemente solteiros (55,62%) e menos da metade desenvolve alguma atividade de trabalho ou estágio (39,52%). Os resultados apontaram interrelações significativas entre a metacognição e os aspectos emocionais e algumas condições para o estudo e vivências discente durante o ERE. Observou-se dificuldades dos discentes em relação à internet e ao ambiente doméstico relacionando-se com a metacognição e os aspectos emocionais. As estratégias metacognitivas de automonitoramento e de autorregulação demonstraram relacionar-se com as vivências dos estudantes, fornecendo-os recursos para a análise das necessidades cognitivas e acadêmicas e para o gerenciamento das demandas. As emoções também demonstraram relacionar-se com estas vivências, permeando a percepção do estudante sobre seus recursos externos e internos para o desempenho acadêmico. Deste modo, concluiu-se que a metacognição e os aspectos emocionais se relacionam a vivências positivas dos discentes e que podem contribuir não só para o desempenho acadêmico, mas para uma estimulação mais integral do estudante envolvendo os fatores sociais e emocionais que permeiam a aprendizagem.