REDES DE SABERES EM EDUCAÇÃO E SAÚDE MENTAL: encontro de profissionais com as tecnologias na promoção de modos de aprender e cuidar
Rede. Educação Inclusiva. Saúde mental. Tecnologias. Cognição.
Esta dissertação é o resultado de uma análise sobre os modos de fazer-sentir-conhecer de profissionais no constituir de um dos nós na rede de atenção, aprendizagem e cuidados que se tece no encontro entre educação e saúde mental. Vivemos essa experiência na construção de oficinas como tecnologias leves que envolveram o fazer com o outro e as rodas de conversação, com integração de diferentes tecnologias. A possibilidade de
conectar estas redes Educação e Saúde Mental nos direcionou à observação de um percurso inicial que realizamos para a aproximação da experiência educativa e clínica nos seguintes contextos: salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE), encontros de formação continuada promovidos pelo Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal (NTM) e a experiência em saúde mental do Centro de Atenção Psicossocial da Infância e
Adolescência (CAPSi). O objetivo da pesquisa foi compreender como os profissionais do AEE, NTM e CAPSi experienciam processos de autoconstituição e de composição da/na rede que envolve aprendizagem e cuidado de crianças e adolescentes da educação inclusiva e saúde mental na experiência de oficinas com integração de tecnologias leves, leve-duras e duras. Destaco alguns autores que contribuíram nesta produção e construção
de saberes: Humberto Maturana e Francisco Varela ajudaram a compreender processos de cognição inventiva; Nize Pellanda, Cláudia Freitas, Mariza Eizirik e Virgínia Kastrup favoreceram nosso entendimento sobre as formas de cuidado e aprendizagem na experiência humana. Gilbert Simondon e Emerson Merhy ampliaram o entendimento sobre as tecnologias e a configuração da vida humana. A metodologia da pesquisa é de natureza
qualitativa, com ênfase na pesquisa intervenção que construímos com profissionais da educação e da saúde mental. A perspectiva que adotamos considera a metodologia em primeira pessoa em que acompanhamos modos de acoplamento com as tecnologias leves, leve-duras e duras na composição de redes e nós que integram as formas de cuidar e de aprender. A experiência em oficinas como tecnologias leves contou com a participação de profissionais da educação e da saúde mental na interação coletiva, o fazer junto na experiência dos encontros. Vivenciamos uma produção coletiva, processos de conhecimento-subjetividade e de construção autopoiética, onde os profissionais experimentaram a construção singular e coletiva. As oficinas promoveram encontros em uma rede de conversações e interações, com cenários vivos, suportados por tecnologias.
Trabalhamos com escrita de autonarrativas orais nas rodas de conversações e no transcurso dos fazeres das oficinas, autonarrativas escritas em fóruns, composição de diários de campo da pesquisadora e, ainda, com a organização de documentação visual e auditiva de vídeos e imagens fotografadas. Os diferentes modos de agir na linguagem de profissionais da educação e da saúde mental favoreceram a compreensão sobre os
processos envolvidos neste movimento dos sujeitos no “espaço entre” as instituições Educação e Saúde Mental. Como resultado desta pesquisa, ou no momento em que passamos a fazer novas perguntas, pudemos distinguir algumas mudanças de coordenações de ações na linguagem e no emocionar. Na análise das autonarrativas
compreendemos que o constituir da rede aconteceu no desejo de conhecer um ao outro e na emoção de realizar parcerias, estudos e aprendizagens coletivas no conectar de saberes clínicos e pedagógicos. Percebemos o constituir de processos inventivos cultivados na experiência e na interação com as tecnologias. Os pesquisados reconheceram e, na confiança e acolhimento da palavra viva, tornaram visíveis saberes, conhecimento e
fragilidades / necessidade de aprender, neste saber complexo. Viveram perturbações que proporcionaram modos diferentes e possíveis no operar de deslocamentos nos olhares, sentimentos, desejos, emoções, ideias e ações, deslocamentos e transformações que interagem com modos de compreender a aprendizagem e o cuidado no próprio fazer. O movimento inventivo da rede foi se constituindo no processo contínuo da auto-organização,
conhecer e viver conectados no emergir da reflexão sobre modos de cuidado e aprendizagem com crianças e adolescentes que convivem neste movimento e percursos entre as instituições Escola (AEE – NTM) e CAPSi.