Identificação de acessos de meloeiro tolerantes ao déficit hídrico
Cucumis melo L.Germoplasma. Estresse abiótico. Seca.
A cadeia produtiva de melão (Cucumis melo L.) no Nordeste brasileiro tem uma alta representatividade nas balanças comercias interna e de exportação. Eventualmente, perdas na produtividade são registradas decorrentes dos ciclos de estiagem e altas taxas evapotranspiratórias na região. A grande variabilidade genética do meloeiro é conservada em bancos e coleções de germoplasma, representando fontes de alelos que auxiliam a identificação de genitores com caracteres de interesse e possibilitam a elaboração de estratégias para etapas subsequentes de programas de melhoramento. O objetivo deste trabalho foi investigar as respostas de acessos de melão ao déficit hídrico durante os processos de germinação, desenvolvimento inicial e crescimento vegetativo. No primeiro ensaio, a redução do potencial osmótico provocou o decréscimo da germinação das sementes e do desenvolvimento inicial das plântulas a partir de -0,2 MPa. O desenvolvimento de plântulas normais foi inibido entre os potenciais -0.2 e -0,4 MPa para todos os acessos testados. Verificou-se efeito significativo de acessos para todos os caracteres avaliados. Por meio das médias genotípicas obtidas nas análises de crescimento, os genótipos foram classificados em tolerantes (T), moderadamente tolerantes (MT) e susceptíveis (S) ao déficit hídrico. Um representante para cada classificação - A-09 (T), A-16 (MT) e A-02 (S) - foi selecionado para os ensaios subsequentes. O híbrido ‘Goldex’, amplamente cultivado na região Nordeste, e o AHK-119 foram incluídos no teste do índice de velocidade de germinação (IVG) em dois níveis de potencial osmótico (0,0 MPa e -0,2 MPa). O ‘Goldex’ e A-09 apresentaram as maiores médias genotípicas para o IVG. As respostas destes genótipos ao déficit hídrico também foram avaliadas em ambiente protegido durante o crescimento vegetativo. A restrição hídrica baseou-se no conteúdo de água facilmente disponível (AFD) e três coeficientes de depleção. Determinou-se uma tensão crítica para cada tratamento, determinante para a reposição da umidade. As análises de crescimento e fisiológicas foram realizadas durante a fase de floração. Os resultados revelaram efeito significativo do déficit hídrico para o teor relativo de água na folha (TRA) e potencial hídrico foliar (ΨWf), e da interação acesso (A) x déficit hídrico (DH) para TRA e ΨWf ao meio dia. Não foi constatado efeito significativo de A, DH e interação A x DH para temperatura foliar (TF), condutância estomática (gs) e danos nas membranas. As variáveis de crescimento diâmetro do caule (DC), número de folhas por planta (NFP), altura da planta (AP), massa seca foliar (MSF), massa seca do caule (MSC), massa seca da parte aérea (MSPA) e área foliar (AF) foram significativamente influenciadas pelo efeito de A, o efeito do DH não foi significativo apenas para AF. A densidade de raízes (ρr) não interagiu com o efeito fixo, nem aleatório. O padrão de resposta à seca do meloeiro varia de acordo com a fase de desenvolvimento, assim a susceptibilidade nos estágios iniciais de crescimento não deve ser extrapolada para estágios mais tardios, pois as respostas a seca demandam adaptações e alterações no fenótipo que são exibidas ao longo do crescimento vegetativo.