MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL DE SISTEMA COMPACTO PARA TRATAMENTO E USO AGRÍCOLA DE ÁGUA CINZA
Escassez hídrica. Reúso da água. Legislação ambiental. Aceitação do reúso.
O reúso da água é necessário às atividades industriais, comerciais e domésticas, sendo uma realidade em diversos países, mas ainda não difundida no Brasil. A implantação desta prática para fins agrícolas, tem sido vista como um eficiente instrumento para a gestão dos recursos hídricos e minimização da escassez hídrica no semiárido brasileiro. Este trabalho objetiva monitorar e realizar uma análise socioambiental de uma estação compacta de tratamento e uso agrícola de água cinza, instalada em assentamento rural do semiárido potiguar, composta por tanque séptico, filtro anaeróbio e reator ultravioleta artificial, cuja instalação deu-se em área experimental da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró/RN. No período de outubro a dezembro de 2017, avaliou-se o desempenho do tratamento do sistema por meio de análises físico-químicas (Demanda Bioquímica de Oxigênio, Demanda Química de Oxigênio, pH, condutividade elétrica, turbidez, N, P, Na+, K+, Ca2+ e Mg2+, Cu, Zn, Fe, Mn, Cd, Ni e Pb) e microbiológicas (Coliformes totais e Escherichia coli) da água cinza com e sem tratamento, de forma a atender aos padrões estabelecidos para reúso da água para fins agrícola e florestais. A avaliação socioambiental desta tecnologia consistiu na aplicação de 20 questionários, com questões relacionadas ao reúso da água na agricultura, aos moradores do Projeto de Assentamento Monte Alegre I, Upanema/RN, onde estão instalados três sistemas de tratamento e uso agrícola de água cinza, com características semelhantes aos do presente estudo. Os resultados indicaram que o sistema mostrou eficiência na remoção das variáveis estudadas e consequente enquadramento nos padrões máximos permissíveis, com exceção para a turbidez, potássio, carbonato e Escherichia coli. A percepção socioambiental acerca das formas e finalidades do reuso da água, bem como do consumo de alimentos a partir dele irrigados, deu-se de forma positiva, denotando aspectos econômicos e de sustentabilidade, como vantagens e, em poucos casos, divergência para consumo atrelada aos riscos de contaminação e características do efluente.