CARACTERIZAÇÃO MORFOFUNCIONAL E CONSERVAÇÃO DE ESPERMATOZOIDES DE EMAS (Rhea americana, LINNAEUS 1758) CRIADAS EM CATIVEIRO NO SEMÁRIDO NORDESTINO
Aves silvestres, Ratitas, Codornas, Reprodução de aves, Criopreservação de sêmem
As emas (Rhea americana) são grandes aves nativas da América do Sul, que possuem grande importância ecológica na manutenção de ecossistemas. No entanto, apesar de seu papel primordial, de acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) as emas encontram-se globalmente quase ameaçadas. Nesse contexto, o estudo dos aspectos reprodutivos e aplicação de biotécnicas visando sua conservação é fundamental. Dessa forma a presente tese buscou contribuir para a conservação de germoplasma masculino de emas por meio da caracterização de conservação de seus espermatozoides. A tese foi configurada em cinco capítulos. O primeiro capítulo é um artigo de revisão, contextualizando o “estado da arte” da conservação de espermatozoides de aves silvestres. No segundo capitulo a codorna (Coturnix coturnix japonica) foi utilizada como modelo experimental para a validação de avaliações da membrana plasmática de espermatozoides. Onde foi estabelecida que a água destilada a 0mOsm/l é eficiente para avaliação da funcionalidade da membrana. Além disso, a associação de sondas fluorescentes iodeto de propídio (IP) e Hoechst 33342 se mostrou capaz de avaliar a integridade estrutural da membrana. O terceiro capítulo teve como objetivo caracterizar a morfometria dos espermatozoides de emas, reportar os defeitos morfológicos que essas células podem apresentar e discorrer sobre as modificações morfometricas que os espermatozoides de emas podem sofrer ao longo do trânsito entre epidídimo e ducto deferente. Desse modo foi observado 75,6 ± 1,8% de espermatozoides morfologicamente normais, sendo o defeito mais comum de cauda dobrada (9,7 ± 0,9%). Os espermatozoides de ema medem cerca de 40.8 ± 0.11 μm. Além disso, os comprimentos do acrossoma, da cabeça, da peça intermediária e da cauda do espermatozoide foram maiores no ducto deferente em comparação com o epidídimo, sugerindo que os espermatozoides de ema passam por um processo de maturação durante a passagem do epidídimo para o ducto deferente. No quarto capítulo foram validados métodos para avaliar os parâmetros funcionais das emas e verificou-se a existência de modificações funcionais nos espermatozoides durante o trânsito espermático do epidídimo para o ducto deferente. Configurou-se um set-up para avaliações dos parâmetros cinéticos através do sistema de analise computadorizada de sêmen (CASA) e foram observadas motilidade total = 14,6 ± 2,5 %, velocidade média da trajetória = 63,3 ± 4,0 μm/s, velocidade lineas progressiva = 50,7 ± 2,5 μm/s e velocidade curvilínea = 107 ± 7,1 μm/s. Cerca de 77,6 ± 4,8 % dos espermatozoides reagiram ao teste de funcionalidade de membrana com água destilada a 0 mOsm/l. Além disso, 65,3 ± 2,6% de espermatozoides com membranas intactas foram observados usando a associação de sonda fluorescente (IP/ Hoechst 3342). Também não foram observadas diferenças estatísticas entre os parâmetros funcionais dos espermatozoides do epidídimo em relação aos do ducto deferente. No quinto capítulo tentou-se estabelecer os primeiros passos para a criopreservação de espermatozoides de emas testando diferentes concentrações de dimetilsulfóxido (DMSO) na congelação a -196 °C. Espermatozoides de emas foram criopreservados em diluente OVODYL adicionando-se DMSO (T1 = 6%, T2 = 10%, T3 = 14% e T4 = 18%). Não foram observadas diferenças entre os tratamentos pós-descongelação, sendo sugerido novos estudos, abordando o uso de outros diluentes, crioprotetores, uso de aditivos, outras curvas de congelação e descongelação. Por fim, conclui-se que através da presente tese foi possível a caracterização morfológica e morfométrica dos espermatozoides de emas, bem como das modificações durante o trânsito epidídimo-ducto deferente. Também, validou-se métodos de avaliação e criopreservou-se pela primeira vez material genético de emas.