Uso do Plasma no Tratamento do Carcinoma de Células Escamosas Felino: Estudo In Vitro e Aplicação Clínica em Tumores Felinos
Oncologia. Câncer. Gato. Plasma não térmico.
O carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia maligna que afeta frequentemente a pele e cavidade oral dos gatos. Ambas as formas exigem a adoção de um tratamento local adequado, sendo realizada comumente a cirurgia. Entretanto, o efeito desfigurante e o estádio avançado ao diagnóstico podem ser fatores limitantes. Dessa forma, torna-se necessário o desenvolvimento de terapias alternativas. Em oncologia, o plasma frio atmosférico (PFA) tem demonstrado resultados promissores, exercendo efeito anticancerígeno in vitro e in vivo contra uma ampla variedade de neoplasias. Dessa forma, o objetivo foi avaliar os efeitos anticancerígenos do PFA contra o CCE felino. Para tanto, células de carcinoma de cabeça e pescoço humano da linhagem SCC-25 foram divididas em grupo controle e tratamento, ao qual foi submetido ao plasma por 60s, 90s ou 120s. O ensaio de óxido nítrico (NO) foi realizado através da determinação da concentração de nitrito, enquanto a citotoxicidade foi avaliada pelo ensaio de MTT após 24h, 48h e 72h. Para termografia in vitro, imagens térmicas foram capturadas antes e após os diferentes tempos de terapia. O estudo clínico foi realizado em felino com dois carcinomas cutâneos e um oral. A terapia com PFA consistiu em dois ciclos, no qual cada ciclo foi composto por três sessões semanais de plasma, seguido por uma semana sem exposição. As lesões foram submetidas à análise termográfica e histopatológica. Verificou-se que concentração de nitrito aumentou significativamente com os tratamentos de 90s e 120s quando comparado ao grupo controle. Foi observada redução de viabilidade celular para as células SCC-25 decorridas 24h e 48h, independente do tempo de exposição. Entretanto, em 72h houve efeito significativo apenas com o tratamento de 120s. A exposição ao CAP resultou em redução de temperatura do meio de cultura para todos os tempos avaliados. Nos ensaios in vivo, a média de temperatura dos tumores pré-tratamento foi de 35 °C e no pós-tratamento foi de 35,7°C. Os dois tumores cutâneos responderam ao PFA, sendo uma resposta completa, com cura histológica, e outra parcial. O CCE oral permaneceu estável. A análise histopatológica demonstrou o surgimento de áreas em apoptose nos tumores remanescentes. Os efeitos adversos foram locais e incluíram eritema e formação de crostas. As reações foram em grau I, autolimitantes e não exigiram intervenção médica. O PFA apresentou efeito anticancerígeno contra células do carcinoma de cabeça e pescoço. Para o SCC cutâneo felino, a terapia parece segura e eficaz. Entretanto, para tumores orais proliferativos, a utilização do plasma de forma direta e isolada pode ter eficácia limitada.