MODELAGEM DA ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE RESERVATÓRIOS SUBMETIDOS A ATIVIDADES DE AQUICULTURA NO SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
Modelagem ecossistêmica. Modelos tróficos. Impactos da aquicultura.
O crescimento exponencial da população e a necessidade crescente de acumulo de água para seus usos múltiplos vêm promovendo a construção de reservatórios e barramentos para atender as necessidades humanas. Entre os principais usos destes ambientes podemos citar atividades como agricultura, geração de energia, aquicultura e abastecimento urbano. Entretanto, estas atividades geram impactos negativos no ambiente aquático que precisam de monitoramento constante a fim de se compreender como o ecossistema responde a estas interferências. A eutrofização é uma das principais consequências que estes ambientes
estão sujeitos, podendo comprometer os seus serviços ecossistêmicos ao longo do tempo. A modelagem matemática é uma ferramenta importante no entendimento da estrutura e funcionamento destes ambientes aquáticos. Permitindo ainda simular e estimar a amplitude e intensidade de impactos que atividades como a criação de peixes em tanques-rede tem sobre os ambientes aquáticos, fornecendo subsídios para a gestão e manejo da atividade. Assim, o objetivo deste estudo foi modelar a estrutura trófica dos reservatórios Santa Cruz e Umari, bem como modelar o balanço de massa de fósforo em ambos os ambientes, no intuito de estimar a capacidade suporte dos reservatórios para a criação de Tilápia-do-Nilo em tanques rede. Para tanto foram utilizados dois modelos: um modelo de carga de fósforo para modelagem das concentrações de fósforo e o modelo Ecopath with Ecosim para modelagem da teia trófica e propriedades ecossistêmicas. Os dados necessários para a construção dos modelos foram coletados durante três anos, de 2012 a 2013, em ambos os reservatórios, incluindo dados sobre as comunidades aquáticas (plâncton, peixes, bentos e macrófitas),
qualidade de água e os parâmetros produtivos dos sistemas aquicultura instalados em cada reservatório. Os resultados indicam que Santa Cruz possui uma maior capacidade de assimilação de fósforo do que Umari, entretanto em Umari a produção de peixes gera menos fósforo para o reservatório, de modo que Umari possui uma maior capacidade suporte para a criação de Tilápias. As teias tróficas de ambos os reservatórios foram baseadas em detritos, sendo a principal fonte de energia para os demais compartimentos. Ambos os reservatórios foram considerados ambientes imaturos, com baixa estabilidade. Entretanto, o acúmulo de
detritos nos sistemas pode representar um estoque de energia durante perturbações.