O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO DE ORIGEM COMO VALORIZAÇÃO DE UM PRODUTO TRADICIONAL: O CASO DO QUEIJO DE COALHO
Indicação geográfica, qualidade microbiológica, qualidade físicoquímica, queijo artesanal.
As constantes mudanças ocorridas no comércio mundial vêm provocando mudanças no mercado e os produtores tem buscado ferramentas para diferenciar seus produtos e tornando-se mais competitivos. A indicação geográfica serve como instrumento de identificação territorial e cultural de um produto trazendo promoção e valorização da região. Dessa forma, objetivou-se analisar a certificação de origem como forma de valorização de queijos regionais e a situação do queijo de coalho frente a um processo de certificação DO. Para isso, foi observado a formação de preços, estrutura de mercado e sistemas de produção do queijo palmero que possui Denominação de Origem Protegida (DOP) nas Ilhas Canárias, Espanha. No Brasil, foi avaliada a qualidade do queijo de coalho artesanal e industrializado, sem certificação de origem, comercializados no semiárido do Brasil. Para isso, 138 amostras deste queijo foram analisadas quanto aos parâmetros físico-químicos (acidez, cinzas, umidade e pH), cor, textura e microbiológicos (coliformes a 35 °C e 45 °C, contagem de Staphylococcus coagulase-positiva, bolores e leveduras e presença de Salmonella sp). O queijo palmero DOP obteve preço mais elevado no mercado, com maior preço para o canal de venda direto ao consumidor. Além disso, verificou-se que os produtores DOP e não DOP estão preocupados com a qualidade e a importância do rótulo de queijo palmero DOP. Quanto ao queijo de coalho, as análises físico-químicas, cor e textura do queijo de coalho não detectou diferença entre as médias das amostras artesanais e industriais. Em relação as análises microbiológicas, observouse diferença significativa entre as médias das amostras quanto a produção, onde as amostras artesanais apresentaram maior valor para coliformes, e em relação a conservação, as amostras artesanais e sem refrigeração apresentaram valores mais elevados para os coliformes e bolores e leveduras. Além disso, 25,36% e 3,95% das amostras artesanais e industriais, respectivamente, não cumpriram as normas para perfis microbiológicos para contaminação por coliformes a 45 °C, e para Staphylococcus coagulase-positiva, todas as amostras, de produção artesanal e industrial, encontraram-se com valores acima do preconizado pela legislação. Em relação a Salmonella sp., foi evidenciado presença em 2,17% amostras, sendo uma em queijo artesanal e duas em queijo industrial. Assim, a DOP é uma ferramenta importante para valorizar queijos artesanais, podendo ser uma alternativa para o queijo de coalho do nordeste brasileiro, porém este necessita de melhorias na qualidade, bem como na padronização durante a fabricação para que possa receber um selo de origem