PROCESSO DE DESIGN BASEADO NA TEORIA DA COMPLEXIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DA PLATAFORMA GAIA-TEA PARA CRIANÇAS COM AUTISMO
Processo de Design de IHC; Transtorno do Espectro Autista; Teoria da Complexidade.
A presente pesquisa visa conceber um processo de design de Interação Humano-Computador (IHC) baseado nos princípios da Teoria da Complexidade e avaliar esse processo no desenvolvimento de uma plataforma para crianças com autismo. Este estudo foi desenvolvido a partir das experiências no Grupo de Ações e Investigações Autopoiéticas (GAIA), que há mais de duas décadas realiza pesquisas voltadas ao desenvolvimento de crianças com autismo. Mediante os esforços identificados na literatura, em propor instrumentos para apoiar o desenvolvimento de tecnologias para este público, elas se mostram insuficientes para definir necessidades funcionais com base nas emergências das crianças diagnosticadas. As diretrizes sugeridas nesses trabalhos, em grande parte, estão focadas em aspectos de Interface de Usuário (UI) o que, neste cenário, se tornam insuficientes para desenvolver uma plataforma adequada às demandas cognitivas que consideram a dinâmica de aprendizado sem adotar procedimentos mecânicos. Diante da complexidade do contexto da pesquisa, foi possível identificar limitações do paradigma computacional à luz de compreender a condição do autismo por uma óptica não generalista. A Engenharia de Software é composta por especialistas técnicos focados no desenvolvimento funcional do software com pouca preocupação em aspectos relacionados à experiência de uso. Para fornecer um equilíbrio entre a construção e o uso, o campo da IHC fornece subsídios para o desenvolvimento de sistemas interativos pela perspectiva de quem os utiliza. Em um cenário que envolve o autismo, é notório que o campo da IHC é bastante relevante para lidar com esse tipo de contexto. No entanto, a literatura apresenta trabalhos que mesmo adotando a abordagem do Design Centrado no Usuário (UCD), se depararam com desafios envolvendo a abrangência do espectro e a dificuldade em envolver e obter o feedback de crianças com autismo. Considerar epistemologias fora da área da computação permitiu a articulação de um processo que contemplasse a complexidade do autismo em sua essência, sem generalizações, adotando uma abordagem sistemática com atenção às demandas humanas emergentes. Desse modo, a mudança paradigmática foi necessária para obter um pensamento que permitisse enxergar a realidade do projeto por uma ótica abrangente. Com a apropriação dos princípios da teoria do pensamento complexo foi possível conduzir um processo de design que centralizou as emergências das crianças conforme a experiência interativa se desenrolava em um ambiente virtual. Desse modo, possibilitou o desenvolvimento do protótipo da plataforma GAIA-TEA que se organiza em três eixos: Aprendizagem, Linguagem e Interação. A avaliação do artefato se deu por meio de sessão de grupo focal com o grupo de pesquisa GAIA, onde foram obtidas narrativas que demonstraram resultados significativos, apresentando uma perspectiva positiva para atender a demandas que intercedem tecnologias e autismo. Como contribuição, o estudo busca preencher uma lacuna de conhecimento carente de soluções que considerem o pensamento complexo como guia para o entendimento das demandas emergentes do autismo.