O ENSINO DA ESCRITA NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: CONVICÇÕES TEÓRICAS DOS PROFESSORES
Teorias de escrita. Ensino da escrita. Convicções teóricas.
A escrita, uma das finalidades do ensino de língua materna, é necessária nas várias práticas sociais, em que os alunos estão inseridos. No cenário da educação básica brasileira, os educandos ainda apresentam inseguranças e receios ao produzir textos escritos. À vista disso, o professor, para guiar a aula de escrita, assume, consciente disso ou não, convicções teóricas advindas de sua formação inicial, formações continuadas ou de experiências pedagógicas anteriores. Por esta razão, torna-se significativo perceber as convicções teóricas que os professores de língua portuguesa trazem consigo para guiar o ensino da escrita. Para tal propósito, o objetivo geral deste estudo consiste em analisar os discursos de professores de Língua Portuguesa sobre os modos como eles percebem o ensino da escrita no seu desempenho profissional. Os objetivos específicos convergem em: comparar percepções de professores de Língua Portuguesa quanto ao ensino da escrita a perspectivas teóricas dos estudos linguísticos orientados para questões educacionais; analisar como professores de Língua Portuguesa percebem o planejamento e a execução de suas aulas de escrita e as práticas de avaliação da escrita dos seus alunos; e identificar a existência de similaridades e diferenças na percepção que os professores têm do ensino da escrita. Para tanto, como aporte teórico deste trabalho, seleciono as abordagens que denotam espaços de debates nos campos pedagógicos e acadêmicos e que podem guiar a aula de escrita. Amparo-me nas leituras de Flower e Hayes (2016), Bakhtin (2006), Dolz-Mestre e Gagnon (2015), Freire (1981), Janks (2009), Kress e Bezemer (2009), Halliday ( 1978) e Beaugrande e Dressler (1981), dentre outros. Com o intuito de cumprir com os objetivos desta pesquisa, foram realizadas entrevistas estruturadas com professores dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Tais questões pretendiam saber quais abordagens teóricas mais se aproximavam do planejamento, do método e da avaliação da aula de escrita. As respostas dos professores foram analisadas de modo quali-quantitativo. Para a interpretação dos dados, utilizei o método de análise de conteúdo, apresentado por Bardin (1977) e subdividido em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. Com o auxílio do software Orange Canvas, foi feita uma análise lexicométrica das construções discursivas, a partir dos critérios de cada abordagem. Os resultados apontam para a utilização de aspectos das várias abordagens teóricas para guiar a aula de escrita, sem a predominância de qualquer uma delas. Este estudo pretende, grosso modo, contribuir nas discussões sobre o ensino da escrita e no contínuo debate sobre a formação inicial do professor, voltada para a teoria e sua relação com a prática em sala de aula.