A COMPLEXA CONSTRUÇÃO DO CORPO: ENTRE O REAL E O IMAGINÁRIO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA GAY.
Formação de Professores. Educação Matemática. Subjetividade. Sentido. Problematização.
Dialogando com Rupaul, Deleuze e Guattari: a ciência nasce nua e o resto é drag, além disso, as máquinas estão por toda parte. Neste estudo, arrastada para os limites de sua extensão, a ciência vai se compondo morfologicamente a partir dos toques de quem com ela lida e para onde caminham as linhas de fuga. Objetivando compreender como corpos de professores de matemática, cisgêneros, gays demarcam e são demarcados por suas formações dentro de ambientes cis-heteronormativos, busco demarcar pontos de confluência do Outro em si, delineando bases ideológicas e suas mudanças na composição e redimensionamento da identidade docente e suas intersecções com a sexualidade, discutindo como os modos de subjetivação são produzidos por e produtores de performances no ensino de matemática. Articulando (con)fluências de três rios, estão aqui construídos três textos para (de)formar a ciência do devir-homem. Com um devir-criança, investiga-se, partindo do verbo questionar, os porquês, para construir o que acontece com o outro e, com este, tecer redes de sentido e sentir. Vê-se que, como a ciência, o corpo está em disciplina, mas que se indisciplina, e se interdisciplina para fugir às cisões estruturantes. É preciso, então, catar os ticos de vida para evitar o óbito da matemática dentro de uma exatidão que não reconhece o que há de humano no devir-mulher. Constrói-se um fechamento, um aprisionamento a partir do margeamento em vasos, porém, os vasos, como os rios, possuem fenestras, frestas de passagem, de fuga e, como a ciência, os corpos escapam e vão escrever e viver o tremor da experiência. Calculando probabilidades de ser compreendido, esse trabalho busca contar algo a alguém, mas não primando por uma perspectiva racional, constitui-se também pela forma da água, do cheiro, do toque. Permite-se perturbar pelo som do silêncio, por ver, a partir da cegueira que está posta socialmente, o outro que se é. Vindo a ele, ouve-se o caminhar conjunto, cura a patologia da estrutura enrijecida, mas sem perder o sentido. Disso, considera-se que a ciência estruturada compõe uma realidade estratificada, hegemônica e que tende a estreitar possíveis caminhos de fuga. Atribuindo novos significados, signos e significantes aos nossos corpos, lutamos por compreender subjetividades não valorizadas pelo sistema, produzindo, assim, novos territórios num retorno a si sob novos olhares.