EMOÇÕES NO ENSINO REMOTO DE LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE DIALÓGICA DE RELATOS DE PROFESSORAS DA ESCOLA PÚBLICA SOBRE ENSINAR EM CONTEXTO DE PANDEMIA.
Ensino de língua inglesa. Ensino remoto. Escola Pública. Emoções. Análise Dialógica do Discurso.
Este trabalho tem o objetivo geral de discutir os relatos de experiência de professoras de Língua Inglesa (LI) sobre o ensino remoto durante a pandemia de COVID-19 no ano de 2020, com foco nas emoções. Os seguintes objetivos específicos norteiam esta pesquisa: 1) Identificar as condições de trabalho das professoras de LI de escolas estaduais de ensino médio do Sertão Central do Ceará na transição do ensino presencial para o remoto; e 2) Analisar os relatos de experiência das professoras sobre o ensino remoto no período de isolamento social na pandemia, problematizando discursos sobre emoções resultantes do desafio de ensinar inglês na escola pública. O trabalho se situa no campo da Linguística Aplicada Crítica (MOITA LOPES, 2006; PENNYCOOK, 2006; KUMARAVADIVELU, 2006; RAJAGOPALAN, 2006) e adota duas perspectivas teóricas para produzir inteligibilidade sobre a relação entre ensino remoto de LI na escola pública e as emoções de professores de línguas. Primeiro, a concepção dialógica de linguagem baseada no Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2016; VOLÓCHINOV, 2018), tomando os relatos das professoras como enunciados concretos e situando-os nos contextos dos discursos sócio-históricos que os permeiam. Segundo, a concepção crítica das emoções (HOCHSCHILD, 1979; NIAS, 1996; ZEMBYLAS, 2007, 2011; BENESCH, 2017, 2018, 2019), considerando as emoções de professores como construtos sociais que revelam um trabalho emocional (emotion labor) em decorrência de regras emocionais (feeling rules) circulantes na sociedade sobre o fazer docente. A construção de dados consiste na aplicação de um questionário e na coleta de relatos de experiência escritos das professoras participantes. A interpretação dos dados será baseada na Análise Dialógica de Discurso (BRAIT, 2006; ROHLING, 2014; FANINI, 2019), entrelaçando questões sobre as circunstâncias do ensino remoto às emoções das professoras, imersas nas circunstâncias sociais, históricas, políticas e ideológicas da pandemia. Os resultados parciais apontam que emoções tais como aborrecimento, constrangimento, estresse, chateação, cansaço, desmotivação, incapacidade, e frustração se relacionam dialogicamente com as condições de trabalho das professoras em ambiente domiciliar, de acesso e uso de tecnologias digitais e de subordinação a discursos sobre produtividade docente na implementação do ensino remoto.