Caracterização dos eventos reprodutivos, placentação e expressão dos glicosaminoglicanos sulfatados em preás Galea spixii Wagler, 1831.
Aparelho reprodutor feminino, Ciclo estral, Placentação Embrião, Feto, Morfometria, Glicosaminoglicanos.
A duração da gestação, características do ciclo reprodutivo, incluindo verificação da
influência do efeito macho, descrição do aparelho reprodutor feminino, placentação,
desenvolvimento embrionário e fetal – acrescido de análises morfométricas - e expressão dos
glicosaminoglicanos (GAGs) sulfatados nos órgãos reprodutivos e placentários foram
caracterizados em fêmeas de preás como forma de contribuir para a manutenção da espécie. Para
tanto, utilizaram-se 45 fêmeas não gestantes nos seguintes experimentos: 15 fêmeas foram
distribuídas em três grupos experimentais, seguido da adição de um macho em cada grupo de
modo que após a cópula e fecundação, as fêmeas eram separadas segundo datas compatíveis com
início, meio e fim da gestação. Tal condição visou à obtenção de fragmentos dos sacos
gestacionais, placentas e órgãos do aparelho reprodutor feminino, os quais foram fixados em
paraformaldeído 4%, glutaraldeído 2,5% e submetidos às técnicas histológicas de luz e
imunohistoquímicas para o primeiro fixador e microscopia eletrônica de varredura e de
transmissão para o segundo. Além disto, usou-se a acetona para extração dos GAGs, seguida da
separação eletroforética deles em gel de agarose e posterior quantificação por densitometria. O
segundo experimento consistiu na utilização de cinco fêmeas, alocadas em recinto que continha
um macho para o acompanhamento da duração da gestação. O terceiro experimento objetivou a
caracterização do ciclo estral em um grupo contendo cinco fêmeas mais um macho, o qual
encontrou-se preso em gaiola e outras cinco, em box isento deste último. O quarto experimento
foi realizado por meio da análise morfométrica de embriões com 20, 25, 30 e 35 dias além de
fetos nos dias 40, 45, 50, 55, 60 e recém-nascidos. Os resultados revelaram média de 59 ± 2,7487
dias para a duração da gestação e presença de ciclo sexual poliéstrico contínuo, com período
médio de 14,8 ± 0,73 dias para as fêmeas submetidas ao efeito macho e 14,6 ± 0,75 dias para
aquelas do outro grupo. Além disto, a presença do macho influenciou significativamente (P<0,05)
a duração do diestro, tornando-o mais longo. O útero foi classificado como duplo, formado por
dois cornos, um corpo septado e uma cérvice. Os órgãos do aparelho reprodutor apresentaram
características macroscópicas e histológicas semelhantes as relatadas para outros roedores. O saco
vitelino sofreu inversão aos 14 dias de gestação e o endoderma visceral situou-se em aposição aos
tecidos uterinos. A placenta corioalantoide apresentou forma discoidal e possuiu regiões bem
definidas de espongiotrofoblasto, labirinto e subplacenta a partir da gestação intermediária. O
desenvolvimento embrionário foi semelhante ao observado em roedores histricognatis, sendo a
transição para a fase fetal, ocorrida aos 40 dias de gestação. Os dados morfométricos
possibilitaram o estabelecimento de correlações com a idade gestacional. O dermatam sulfato foi
o GAG predominante em amostras de tubas uterinas, vaginas e placentas, ao passo que o heparam
expressou-se mais no corpo do útero, no início da gestação. Houve ainda elevadas concentrações
de GAGs no útero gestante. Conclui-se que os eventos reprodutivos apresentaram características
próprias da espécie, o que indicou um conjunto de estratégias evolutivas relacionadas com a sua
manutenção.