EFEITOS DA CAPRINOCULTURA E DESMATAMENTO SOBRE A DIVERSIDADE FUNCIONAL EM COMUNIDADES VEGETAIS DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
Caatinga. Caprinocultura. Comunidades vegetais. Diversidade funcional. Pastejo.
A caprinocultura é uma atividade bastante difundida na maior parte das florestas secas tropicais do mundo e para seu desenvolvimento se utiliza muitas vezes da conversão de florestas em áreas para pastagens através do desmatamento que podem refletir negativamente na estrutura, composição e funcionamento dos ecossistemas. Dentre os inúmeros reflexos, podem comprometer a diversidade funcional, considerada fundamental para a manutenção de processos, como ciclos biogeoquímicos e retenção de água, e serviços ecossistêmicos, como o provisionamento de biomassa para a criação de animais. Medir a diversidade funcional significa compreender as respostas das comunidades mediante as perturbações, sejam elas de origem naturais ou antrópicas e assim, prever possíveis cenários. São poucos os estudos que medem o impacto direto de caprinos em comunidades vegetais, especialmente em regiões semiáridas brasileiras, que detém uma das maiores densidades populacionais do mundo em terras secas. Geralmente, na Caatinga, a criação de animais é desenvolvida de forma extensiva, onde os animais são suportados basicamente apenas por pastagens nativas, o que motivou a realização desse trabalho. Assim, objetivou-se avaliar os efeitos de um gradiente de pastejo de caprinos e desmatamento sobre a diversidade funcional em comunidades vegetais da Caatinga. O estudo foi desenvolvido em quinze (15) propriedades rurais localizadas nas cidades de Pedro Avelino, Angicos e Lajes, situadas na Mesorregião Central do Rio Grande do Norte. Foram realizadas entrevistas para obtenção de informações das propriedades bem como das características do rebanho que serviram para o cálculo da carga animal. Em seguida, foram realizados levantamentos fitossociológicos e coletas de folhas das comunidades vegetais para identificação de traços funcionais. Para as herbáceas foram medidos os traços de altura, área foliar e área foliar específica, e para as arbóreas/arbustivas, além dos traços mencionados anteriormente, tiveram a quantificação de nitrogênio, fósforo e taninos foliares. A composição funcional das áreas foi verificada através do CWM, média ponderada pela comunidade (do inglês, Community Weighted Mean) dos traços e a diversidade funcional quantificada através do índice de entropia quadrática de Rao sendo comparados aos modelos lineares generalizados (GLM) e regressões múltiplas. As duas comunidades juntas somaram um número amostral de 14.198 indivíduos, apesar desse número, foi possível constatar uma baixa riqueza sendo distribuídos em 27 famílias e 85 espécies. As famílias Fabaceae e Poaceae foram as mais abundantes para arbóreas e herbáceas, respectivamente. No entanto, foram encontrados resultados significativos para a diversidade funcional, área foliar específica e teores de nitrogênio e fósforo.