RESOLUÇÃO MOLECULAR E O SENSO COMUM: O QUE SE SABE SOBRE O CAÇÃO NO BRASIL?
Gene COI; DNA Barcoding; elasmobrânquios; pescado; consumo; senso comum.
Os tubarões e as raias, subclasse Elasmobranchii, consistem, atualmente, em um dos grupos taxonômicos de vertebrados mais ameaçados do mundo. Estes peixes, considerados K-estrategistas, apresentam estratégias reprodutivas que retardam a recuperação de suas populações e o recrutamento de novos indivíduos. Atualmente, a maior ameaça aos elasmobrânquios é a sobrepesca, resultado do interesse comercial pelas nadadeiras. No Brasil e em outros países do mundo, a prática de retirar as nadadeiras e descartar a carcaça é proibida e, portanto, a carne é comercializada a valores muito inferiores comparada à nadadeira, consistindo em um dos produtos de origem marinha mais baratos. O Brasil é o maior importador de carne de tubarão do mundo e, para reduzir a resistência dos consumidores pela carne, atribuiu a ela o nome de “cação”. Porém, muitas espécies comercializadas como cação podem estar ameaçadas e, ainda, protegidas. A carne é vendida sem características morfológicas que permitam sua identificação a nível de espécie, de forma que o consumidor desconheça a sua origem. Apesar da carência e ambiguidade de regulamentações existentes, é crescente a necessidade de compreender as espécies envolvidas no comércio do cação no Brasil e mensurar o conhecimento do público consumidor sobre ela. Utilizou-se do marcador molecular Citocromo C Oxidase Subunidade I (COI) para acessar as espécies comercializadas como carnes de cação em oito estados brasileiros e levantou-se o conhecimento popular sobre o cação a partir de um formulário semiestruturado digital.