INFLUÊNCIA DA QUALIDADE AMBIENTAL NO TEMPO DE FORRAGEAMENTO DE Melipona subnitida (APIDAE, MELIPONINI) EM TRÊS AMBIENTES DISTINTOS DO NORDESTE BRASILEIRO
Pólen, néctar, conservação, caatinga, abelhas sem ferrão.
Em várias partes do mundo a modificação dos ambientes naturais, principalmente devido ao desmatamento e a fragmentação de habitats, está cada vez mais ameaçando a sobrevivência de abelhas. Na região semiárida do nordeste brasileiro, o intenso processo de degradação tem reduzido a quantidade de recursos florais disponíveis para as espécies de abelhas nativas. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi investigar se a qualidade ambiental (composição florística e variáveis climáticas) influencia o tempo de forrageamento de Melipona subnitida. Para isso, foi investigado o tempo que as abelhas forrageiras gastam para coletar recursos florais (pólen e néctar) em três paisagens distintas do nordeste brasileiro: uma área urbana (AU) e uma área com vegetação de caatinga (AC), ambas em Mossoró/RN e um Brejo de Altitude (BA), em Martins/RN. Durante os meses de estudo (junho de 2015 a agosto de 2016) foram registradas as variáveis ambientais, temperatura, umidade relativa do ar, precipitação mensal e número de plantas em floração em cada ambiente. Mensalmente, nós cronometramos o tempo de forrageamento de 3 colônias, para isso anotamos os horários de saída e entrada de abelhas forrageiras (pólen e néctar), no período entre 05:00 h e 08:00 h da manhã. Observamos um total de 119 abelhas forrageiras de pólen e 100 forrageiras de néctar. Na área urbana e na área com vegetação de caatinga registramos ao longo do estudo os seguintes parâmetros ambientais: TMÁX = 39,1 °C, TMÍN = 18,9 °C, URMÉD = 67,08%, CHUVA = 329,2 mm (total). Na área urbana houve no máximo 51 espécies de plantas em floração e na área com vegetação de caatinga 26 espécies. No Brejo de Altitude registramos TMÁX = 37,3 °C, TMÍN = 18,1 °C, URMÉD = 58,6%, CHUVA = 622,5 mm (total) e P-FLO = 68 espécies (máximo). Verificamos que o tempo de forrageamento mínimo na área urbana foi de 1,4 min (pólen) e 1,8 min (néctar), na área com vegetação de caatinga foi de 5,5 min (pólen) e 1,5 min (néctar) e Brejo de Altitude foi de 5,4 min (pólen) e 1,0 min (néctar). O tempo máximo de forrageamento na área urbana foi 65,6 min (pólen) e 60,2 min (néctar), na área com vegetação de caatinga foi de 45,5 min (pólen) e 53,1 min (néctar) e no Brejo de Altitude foi de 30,0 min (pólen) e 49,2 min (néctar). Informações sobre a qualidade ambiental servirão como ferramenta para o gerenciamento dos recursos florais para maximizar a disponibilidade de pólen e néctar, permitindo que as abelhas coletem maior quantidade de alimento em um espaço menor de tempo, e consequentemente com menor custo energético.