BIOLOGIA POPULACIONAL, CRESCIMENTO ALOMÉTRICO E ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO CARANGUEJO UCA (UCA) MARACOANI (LATREILLE, 1802-1803) (DECAPODA:OCYPODIDAE) EM UM ESTUÁRIO DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
População, alometria, conservação, Uca (Uca) maracoani
Os fatores populacionais, o crescimento alométrico e o estado de conservação do caranguejo Uca (Uca) maracoani encontrados no estuário da Praia da Baixa Grande, Nordeste do Brasil (4°55’90”S, 37°04’51”W) foram estudados no período de junho de 2013 a junho de 2014. A biologia populacional foi analisada quanto à estrutura etária, tamanho médio, razão sexual e lateralidade dos quelípodos. A coleta dos animais se deu por meio de esforço de captura (CPUE) de uma pessoa durante 60 min. em período de marés baixas diurnas de sizígia. Foram coletados 404 indivíduos, dos quais 315 eram machos, 87 fêmeas não ovígeras e 2 fêmeas ovígeras. Os machos apresentaram tamanho médio de largura da carapaça de 27,1 ± 5,47 mm e foram significativamente maiores do que as fêmeas não ovígeras (T= 6,6352; p < 0,0001), que tiveram tamanho médio de 23,4 ± 4,27 mm. A distribuição das classes etárias foi unimodal e não diferiu da normalidade para machos (KS=0,08, p > 0.0001) e fêmeas não ovígeras (KS=0,16, p > 0.0001). A proporção sexual total foi desviada a favor dos machos (3,5:1; c2=129,6; p < 0,001). Todos os meses apresentaram maior ocorrência de machos do que fêmeas na população. A proporção de machos tendo o quelípodo maior do lado direito (143 animais) ou esquerdo (174 animais) não diferiu da razão esperada de 1:1 (1:0,82; c2 = 3.032; p < 0,001). O estudo das relações alométricas se baseou nas relações entre largura da carapaça e tamanho do quelípodo maior para os machos e largura da carapaça e largura do abdômen para as fêmeas. Estas relações foram aferidas em 294 machos e 89 fêmeas. Foi utilizado o programa REGRANS para as análises de alometria dos animais coletados. Os machos foram maiores do que as fêmeas e o ponto de maturidade para os machos foi 20,29 mm de LC, enquanto para as fêmeas foi de 20,09 mm de LC. O crescimento apresentou um padrão alométrico positivo para a maioria das análises, apenas o crescimento das fêmeas adultas se mostrou isométrico. Já para a caracterização do estado de conservação da população de Uca (U.) maracoani, foi utilizada a metodologia proposta pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) a qual é adotada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio) na elaboração da lista das espécies ameaçadas da fauna brasileira. Com base nos critérios, foi possível caracterizar a espécie como Menos Preocupante (LC) entre as 11 categorias existentes, que vão desde Não Avaliado (NE) até Extinto (EX).