Efeitos da restrição hídrica sobre os parâmetros fisiológicos e hematológicos em ovinos
Ovinocultura. Semiárido. Escassez de água. Distúrbios metabólicos.
O segmento da ovinocultura representa uma importante atividade no Brasil, correspondendo consideravelmente com a economia interna e externa, além de possuir papel fundamental na constituição da renda e alimento para famílias agricultoras. Entretanto, esta atividade aponta grandes desafios, em especial na região nordeste, com períodos de escassez hídrica plurianuais, fator limitante ao desenvolvimento da criação animal. Desta forma, a pesquisa terá como objetivo avaliar o efeito da restrição hídrica nos parâmetros fisiológicos e sanguíneos em ovinos. O experimento foi realizado no Laboratório de Medicina Interna Veterinária (LABMIV), localizado na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Foram utilizados 5 ovinos machos, castrados, sem raça definida, clinicamente saudáveis, pesando entre 37 e 45 kg de peso vivo (PV). Os animais foram submetidos ao modelo experimental cross-over com 3 tratamentos e 5 repetições, sendo os tratamentos experimentais divididos em três grupos, G0 (grupo controle), G9 (grupo com restrição hídrica de 9 horas) e G22 (grupo com restrição hídrica de 22 horas). Foram avaliados os parâmetros fisiológicos, frequência respiratória (FR) e tugor de pele (TUGOR); coleta de sangue para realização de hemograma e análises bioquímicas de glicose, ureia, creatinina, proteínas totais, albumina, colesterol e triglicerídeos; e urinálise. Na análise hematológica o principal achado foi a elevação do percentual hematócrito, bem como os dados bioquímicos revelaram tendência de aumento dos teores de proteina total, albumina e creatinina, a partír do aumento da restrição hídrica para 22 horas (G22h). As demais variáveis bioquímicas (glicose, ureia, triglicerídeos e colesterol) apesar de apresentarem diferenças estatísticas entre dias e tratamentos, não se apresentarem com um padrão específico. A urinálise revelou um aumento da densidade urinária no G22, enquanto que pH mostrou-se indiferente. Os parâmetors fisiológicos mostraram-se com elevação da frequência respiratória, com ausência de padrão nas análises do tugor de pele. Nenhuma das médias obtidas estiveram fora dos valores de referência existentes na literatura atual. A pesquisa assumiu uma importância relevante para o entendimento da adaptabilidade dos ovinos, e servirá de base auxiliar para tomada de decisão para manejos produtivos em ovinocultura na região semiárida brasileira. Avaliações mais detalhadas que envolvam restrição e estresse hídrico, mimetizando situações de campo são indispensáveis para o entendimento claro e definitivo do processo da adaptação de pequenos ruminantes aos trópicos.