TRANSBORDANDO HISTÓRIAS E RECONSTRUINDO AFETOS
Transmasculinidade; Coletividade; Pesquisa-Ação; Mossoró |
A ciência é uma maneira de procurar explicações sobre a realidade, mas não exclusiva ou definida, mesmo que hegemônica. Com os avanços modernos e científicos houve a consolidação da naturalização da divisão binária de gênero (Butler, 2003). Essa normalização está tão arraigada no dia a dia que disciplina e marginaliza corpos que desafiam essa norma, como os corpos de homens trans e pessoas transmasculinsas. Me identificar como homem trans foi uma tarefa árdua devido à ausência de referências. O preconceito e a violência naturalizadas contra a comunidade trans no Brasil contribuem para que essas narrativas passem por um processo de apagamento. A luta dos homens trans só começou a ganhar destaque cerca de 30 anos após o movimento das travestis e mulheres trans (Lemos; Pfeil, 2021). É a partir dessa experiência de existência invisível em diversos ambientes, como escola e ambientes de trabalho, que, para a maioria da sociedade, essas narrativas de vida parecem não ser legítimas e são assim, muitas vezes, ignoradas. Dito isso, o presente projeto possui como principal indagação: como homens trans e pessoas transmasculinas têm experienciado o início da transição e a construção de sua identidade de gênero? Para responder a tal questão, escolhemos o método de pesquisa-ação (Corrêa; Campos; Almagro, 2018; Thiollent, 2018), utilizando técnicas de entrevista semiestruturada e grupo focal para gerar conhecimentos sobre a realidade vivenciada por homens trans e transmasculinos e suas experiências no processo de transição de gênero. Uwe Flick (2008) destaca que os grupos focais permitem a produção de dados e discussões através da interação do grupo, acessando informações menos disponíveis sem essa dinâmica.