MICROPLÁSTICOS EM Penaeus vannamei (CRUSTACEA: MALACOSTRACA) EM FAZENDAS DE CARCINICULTURA NO RIO GRANDE DO NORTE.
Aquicultura comercial. Camarão cultivado. Resíduos plásticos. Impacto ambiental.
A preocupação global com a poluição por plásticos cresceu devido à sua onipresença na natureza, resultante de atividades humanas. Os microplásticos (MPs), originados da degradação de plásticos maiores, têm acendido um alerta ainda maior uma vez que, devido a sua toxicidade, podem estar ameaçando a segurança alimentar, por estarem presentes em muitos alimentos consumidos por humanos. O objetivo deste estudo foi avaliar a presença de microplásticos em camarões da espécie Penaeus vannamei cultivados em fazendas do Rio Grande do Norte e verificar a influência da proximidade de centros urbanos na quantidade de microplásticos nos animais e avaliar se diferentes tecidos acumulam MPs diferencialmente. Para tanto, foram coletados 30 juvenis de P. vannamei em fazendas nos municípios de Canguaretama, Tibau do Sul, Galinhos, Guamaré e Senador Georgino Avelino. Em laboratório, foi realizada a biometria e dissecação dos animais, onde o músculo, brânquias e trato gastrointestinal foram removidos e digeridos em KOH a 10% por 48h (1:4 p/v). O produto da digestão foi filtrado em sistema de filtração a vácuo utilizando filtro de fibra de vidro. O material filtrado foi analisado em estereomicroscópio e foram contabilizados os MPs presentes em cada tecido. Na classificação, foram considerados o tipo, tamanho e cor dos MPs. Foram encontrados 87 potenciais MPs em animais das fazendas. No total, 34% dos camarões analisados estavam contaminados, correspondendo à média de 0,58 MPs/animal. Destes, 36,8% foram encontrados nas brânquias, 34,5% nos músculos e 28,7% no trato gastrointestinal. Em relação ao tipo de MPs, 50,6% foram fragmentos, 44,8% foram fibras e 4,6% filmes que tinham tamanhos entre 72,5 a 5129,5 µm. As cores mais abundantes foram azul e transparente, seguido por preto, marrom, verde, vermelho, amarelo e branco. Os resultados indicaram que há relação positiva entre os tamanhos dos microplásticos e o peso e tamanho dos camarõe. A presença de MPs em camarões pode estar relacionada ao manejo e instalações nos setores da carcinicultura de cada fazenda, os MPs foram identificados como polietleno. Portanto, conclui-se que a presença generalizada de microplásticos em diferentes tecidos dos camarões estudados evidencia a contaminação persistente nas fazendas e ressalta a necessidade premente de ações mitigatórias para reduzir os impactos ambientais e proteger a saúde pública.