DESEMPENHO SANITÁRIO E FISIOLÓGICO DE SEMENTES DE ESPÉCIES FLORESTAIS DA CAATINGA
EXPOSTAS AO GÁS OZÔNIO
germinação; ozonização de sementes; incidência fúngica
As sementes representam o principal meio de propagação de espécies nativas, sendo
fundamentais para a produção de mudas de diversas espécies florestais. No entanto,
de modo geral, a sua taxa de germinação pode ser reduzida por fatores abióticos,
como temperatura e umidade inadequadas, e por fatores bióticos, como a presença
de fungos patogênicos. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos
de diferentes tempos de exposição ao gás ozônio sobre o desempenho fisiológico e
sanitário de sementes de espécies florestais nativas da Caatinga, a fim de verificar
sua eficácia no controle de patógenos e no favorecimento da germinação e do
desenvolvimento inicial das plântulas. A coleta das sementes ocorreu no Parque
Nacional Furna Feia. Foram selecionadas três espécies florestais, a saber: Mimosa
tenuiflora (Willd.) Poir., Piptadenia retusa (Jacq.) P.G. Ribeiro, Seigler & Ebinger e
Mimosa caesalpiniifolia Benth. Os coletados frutos foram acondicionados em sacos
plásticos e levados para o Laboratório de Conservação Florestal da Universidade
Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), onde foi realizado o beneficiamento das
sementes. Foram avaliados cinco tratamentos: TC (tratamento controle), tratamentos
T15, T30, T45 e T60 que corresponderam aos tempos de exposição ao ozônio, 15,
30, 45 e 60 minutos, respectivamente. O fluxo de ozônio foi de 2,0 g/h, resultando nas
doses de 0,5 g, 1,0 g, 1,5 g e 2,0 g de ozônio, respectivamente. Foram avaliados os
parâmetros: percentual de germinação, índice de velocidade de germinação, tempo
médio de germinação, tempo médio de germinação, comprimento da parte aérea,
comprimento do sistema radicular, massa seca da parte aérea, massa seca do
sistema radicular e porcentagem de incidência de fungos. A interação dos fatores
tempo e espécie foi significativa para as variáveis VMG, TMG, IVG e PG, indicando
que as espécies apresentam comportamento distinto em relação a cada tempo de
exposição ao ozônio. Já para a incidência de fungos a interação não foi significativa,
o que sugere que o ozônio atua de forma homogênea no controle fúngico,
independentemente da espécie. P. retusa apresentou alta sensibilidade ao ozônio,
evidenciada por uma redução expressiva no índice de velocidade de germinação, um
aumento significativo do tempo médio de germinação e diminuição da massa seca de
raiz. Em contraste, M. tenuiflora e M. caesalpiniifolia mostraram maior tolerância ao
tratamento com ozônio, mantendo padrões estáveis de germinação e de
desenvolvimento inicial. A porcentagem de fungos reduziu significativamente com o
aumento do tempo de exposição ao ozônio para todas as espécies analisadas na
análise em papel Germitest®. Já na análise de incidência de fungos na incubação em
placas de Petri, os resultados confirmam a eficiência do ozônio como agente
sanitizante em sementes florestais, com potencial de controle fúngico principalmente
para Mimosa tenuiflora. No entanto, os efeitos foram espécie-dependentes,
evidenciando a importância de considerar variáveis fisiológicas e microbiológicas na
formulação de protocolos de tratamento. Conclui-se que a utilização do ozônio como
agente sanitizante em sementes florestais pode ser uma alternativa sustentável e com
elevado potencial no controle de patógenos. Entretanto, os efeitos fisiológicos e
sanitários do tratamento não se manifestaram de forma uniforme entre as espécies
avaliadas, evidenciando variações na sensibilidade fisiológica e na composição
microbiológica específica de cada uma.