FRUTO-REFUGO DO MELÃO (Cucumis melo) NA SILAGEM DE GRAMÍNEA: ALTERAÇÕES HISTOMORFOLÓGICAS NO RÚMEN E INTESTINO DELGADO DE BORREGOS.
Acidose ruminal, Capim antílope, Carboidratos não-fibrosos, Melão dino, Resíduo agroindustrial.
Os resíduos agroindustriais inutilizáveis para o consumo humano podem ser utilizados para a alimentação de ruminantes, visando o aproveitamento máximo da cadeia produtiva e a redução de custos na produção animal. No entanto, dietas com altos teores de carboidratos não fibrosos podem provocar alterações negativas no ambiente ruminal. Assim, objetivou-se avaliar as alterações morfológicas do rúmen e intestinos delgado e grosso de borregos submetidos à dietas contendo silagem de capim canarana associada ao fruto-refugo do melão (FRM). Para tanto, foram utilizados vinte e oito borregos, sem padrão racial definido, não castrados, com aproximadamente cinco meses de idade e peso corporal inicial médio de 23,7 ± 1,0 kg. As dietas experimentais foram compostas por silagens confeccionadas com capim canarana-erecta-lisa (Echinochloa pyramidalis), colhido aos 90 dias, aditivadas com fruto-refugo do melão (Cucumis melo) em níveis crescentes: 0, 7, 14 e 21 g/kg de MS, com relação de volumoso:concentrado de 30:70, com base na matéria natural. Ao final do experimento, os animais foram encaminhados para o abate comercial. Após a evisceração, fragmentos dos rúmen, intestinos delgado e grosso, e fígado foram coletados e processados para análise histológica. Os resultados mostraram que a inclusão do FRM na silagem de capim canarana teve um efeito linear decrescente (P = 0,012) no consumo de matéria seca (MS) pelos borregos, embora o ganho de peso total (GPT) não tenha sido afetado (P > 0,05). A altura das papilas ruminais foi influenciada de forma quadrática (P = 0,0004) pela inclusão do FRM, com os maiores valores observados em animais alimentados com silagem contendo 7% de FRM., enquanto a largura das papilas ruminais apresentou uma diminuição linear (P = 0,0002) com o aumento do FRM. A superfície absortiva do rúmen foi afetada quadraticamente (P = 0,0065), enquanto a espessura da camada muscular do rúmen aumentou linearmente (P < 0,0001), sendo maior com 21% de FRM. A altura das vilosidades do intestino delgado e dos enterócitos superficiais adluminais do intestino grosso aumentaram quando o FRM foi adicionado até o nível de 14%. O nível de inclusão de 21% de FRM proporcionou uma melhor relação entre as vilosidades/criptas do intestino delgado, o que está relacionado à menor profundidade de criptas observada nesse nível. No intestino delgado, a altura das vilosidades foi influenciada de forma quadrática (P < 0,001), com os maiores valores em animais com 14% de FRM. A profundidade das criptas também foi afetada quadraticamente (P < 0,002), apresentando os menores valores com 21% de FRM. A relação vilo:cripta mostrou um padrão quadrático, sendo maior no nível de 21%. No intestino grosso, tanto a altura dos enterócitos superficiais adluminais quanto a profundidade das criptas foram influenciadas quadraticamente (P = 0,003 e P = 0,002, respectivamente), com as maiores médias observadas em 14% de FRM. Assim, a inclusão de FRM na silagem de capim canarana até 21% não provocou alterações adversas na mucosa ruminal e intestinal, além de aparentar melhorar a capacidade absortiva das mucosas intestinais.