METODOLOGIA REML/BLUP NA SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE MELOEIRO INOCULADOS COM Meloidogyne spp.
Cucumis melo L.; nematoide-de-galhas; controle genético.
O meloeiro é uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil, com expressiva produção na região Nordeste, sendo a fruta fresca mais exportada. A cultura sofre interferência de alguns estresses bióticos, entre esses, a ocorrência de nematoides têm tido destaque. O gênero Meloidogyne é considerado um dos mais importantes devido a sua ampla gama de hospedeiros, podendo causar perdas de até 100% na produção. Assim, é indispensável o desenvolvimento de pesquisas cujo objetivo inicial seja a identificação de fontes de resistência. A utilização dos parâmetros genéticos em programas de melhoramento permite que o melhorista faça inferências sobre os efeitos envolvidos nas características avaliadas, além de auxiliar na definição do melhor método para transferência de caracteres de interesse. Diante disso, o objetivo deste estudo foi estimar parâmetros genéticos em acessos de meloeiro inoculados com Meloidogyne spp. Para isso, foram conduzidos quatro ensaios em delineamento inteiramente casualizado, sendo dois para M. incognita e dois para M. javanica. Nos dois primeiros Ensaios, foram avaliados 41 acessos de meloeiro em 10 repetições. Nove acessos classificados como resistentes para as duas espécies e um acesso resistente à M. incognita, foram submetidos a uma nova avaliação (Ensaios três e quatro). Foram avaliados o peso da raiz (PR), número total de ovos e juvenis (NTOJ) e fator de reprodução (FR). Os parâmetros genéticos foram estimados pela metodologia REML/BLUP através do modelo 83 do software Selegen. Nos primeiros ensaios, 71,00% e 26,83% dos genótipos avaliados foram considerados resistentes para M. incognita e M. javanica, respectivamente, por apresentarem média genotípica de FR < 1. Nos ensaios de reavaliação de resistência, cinco genótipos se mantiveram resistentes a M. incognita, ao passo que apenas dois apresentaram resistência a M. javanica. Para as características avaliadas em todos os ensaios, a variância ambiental foi superior à variância genética, a herdabilidade variou entre intermediária e baixa e a acurácia foi considerada moderada, com o coeficiente de variação ambiental superior ao coeficiente de variação genética. A correlação entre NTOJ e PR apresentou significância apenas para o primeiro ensaio de M. javanica. Diante do exposto, o acesso A-18 apresentou resistência múltipla às espécies de nematoide, sendo um genótipo promissor para o programa de melhoramento do meloeiro. A variável NTOJ não deve ser substituída pelo PR quando o objetivo é selecionar genótipos resistentes à Meloidogyne spp.