COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE MELOEIRO E MELANCIEIRA EM CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
Cucumis melo. Citrullus lanatus. Temperatura. Umidade relative. Evapotranspiração. Fenologia.
A fenologia e a demanda hídrica das culturas podem ser alteradas pelas mudanças climáticas, afetando a produtividade das principais culturas agrícolas. Com isso, objetivou-se com o presente trabalho avaliar os impactos futuristas das mudanças climáticas (temperatura e umidade relativa do ar) sobre o desenvolvimento e a evapotranspiração de variedades de meloeiro e melancieira, cultivadas no semiárido brasileiro. Os dados foram obtidos de experimentos conduzidos na Fazenda Experimental Rafael Fernandes, no município de Mossoró, RN, Brasil. Para o meloeiro: o primeiro experimento foi realizado de dezembro de 2006 a fevereiro de 2007, avaliando o meloeiro (Cucumis melo L.) tipo Honey Dew, híbrido “County”. No segundo experimento, realizado de outubro a dezembro de 2008, utilizou-se o melão tipo Gália híbrido “Néctar”. Para a melancieira: o primeiro experimento foi realizado de fevereiro a abril de 2006, avaliando a melancieira (Citrullus lanatus) cultivar “Mickylee”. No segundo experimento, realizado de setembro a novembro de 2009, utilizou-se a melancieira cultivar “Quetzali”. Foram avaliados dois cenários de emissões baseados no relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC): um otimista denominado B2 e um pessimista denominado A2. Para o meloeiro verificou-se que as mudanças climáticas provocarão redução no ciclo de desenvolvimento da cultura de 10 e 18 dias para o híbrido “County” e de 6 e 11 dias para o híbrido “Néctar”, considerando os cenários otimista e pessimista, respectivamente. O híbrido “County” é mais sensível às mudanças climáticas na fase de floração e maturação fisiológica, sendo mais susceptível, portanto, a perdas de produção. As mudanças climáticas aumentarão o coeficiente de cultura do meloeiro, incrementando a evapotranspiração diária, porém com a redução do ciclo haverá redução da evapotranspiração total. Para melancieira verificou-se que as mudanças climáticas provocarão redução no ciclo vegetativo da cultura de 11 e 21 dias para a cultivar “Mickylee” e de 5 e 7 dias para a cultivar “Quetzali”, nos cenários otimista e pessimista, respectivamente. A cultivar “Mickylee” é mais sensível às mudanças climáticas nas fases vegetativa, de floração e maturação fisiológica, sendo mais susceptível, portanto, a perdas de produção, em relação cultivar “Quetzali”. As mudanças climáticas futuras aumentarão o Kc da melancieira, nas condições em que o presente estudo foi realizado, incrementando a evapotranspiração diária, e aumento da evapotranspiração total, principalmente da cultivar “Mickylee”. As mudanças na temperatura e na umidade relativa do ar ficarão fora dos limites tolerados pela cultura, acarretando alterações nos tratos culturais, como sombreamento, controle de pragas e doenças e no manejo da irrigação.