DESINFECÇÃO SOLAR DE ÁGUAS CINZA PARA APROVEITAMENTO AGRÍCOLA NO SEMIÁRIDO - RN
Reator solar, resíduo líquido, agentes patogênicos, reúso na agricultura.
A elevada incidência de doenças de veiculação hídrica é atribuída a inadequação dos sistemas de esgotamento sanitário nas áreas rurais brasileiras. O uso da radiação solar é uma alternativa de baixo custo, fácil operação e não utilização de produtos químicos na desinfecção de águas residuárias para fins de aproveitamento agrícola. Diante do exposto, o presente trabalho tem a finalidade desenvolver e validar um reator solar para desinfecção de águas cinza de áreas rurais no semiárido, visando o reúso agrícola do efluente. Os ensaios foram realizados na área experimental da Universidade Federal Rural do Semi-árido em Mossoró-RN. A estação de tratamento de águas cinza é composta por tanque séptico, filtro anaeróbio e reator solar. No reator solar foram mantidas lâminas de águas cinza de 0,1 m, que ficaram expostas à radiação solar durante o período entre 8:00 às 16:00 h, e coletadas alíquotas a cada duas horas. Os ensaios experimentais foram realizados no período de julho de 2015 a dezembro de 2015, no intuito de avaliar eficiência da desinfecção solar por meio das análises de: pH, oxigênio dissolvido, temperatura, condutividade elétrica, sólidos suspensos totais, turbidez, coliformes totais, E.Coli e ovos de helmintos. Paralelamente, foram monitoradas, também, as seguintes variáveis ambientais: temperatura do ar e radiação solar global. Para enumeração dos ovos de helmintos foi utilizada a técnica de Bailenger modificada. Para determinação de coliformes fecais foi utilizado o método do Colilert. Os dados foram submetidos à estatística descritiva e análise de variância para todos as características analisadas. Utilizou-se também das ferramentas multivariadas, como a análise de componentes principais e análise de agrupamento hierárquico. Por meio da análise de regressão múltipla foi proposto um modelo matemático que representa a inativação de patógenos através da desinfecção solar. Os resultados mostraram que o tempo de exposição solar de 8 horas não foi suficiente para redução do nível populacional de E.Coli a ponto de permitir o reúso irrestrito na irrigação, necessitando de tempos de exposição prolongados ou redução nos valores de cor e turbidez do efluente. A análise de componentes principais promoveu a redução das 11 variáveis iniciais para 7 variáveis, explicando 79,46% da variância total. A análise de agrupamento hierárquico formou quatro grupos distintos, sendo determinantes a sazonalidade e o tempo de exposição solar à que as amostras foram submetidas. De acordo com a análise de regressão as variáveis mais importantes no processo de desinfecção solar foram a radiação solar acumulada e a condutividade.