DESEMPENHO DE GOTEJADORES E PRODUÇÃO DE CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum Schum.) COM PERCOLADO DE ATERRO SANITÁRIO NO SEMIÁRIDO
Resíduos, Reuso, Emissores, Gramínea, Solo
O percolado de aterro sanitário desperta grande preocupação ambiental na atualidade, se apresentando em grandes quantidades, e que, ao serem dispostos no ambiente, sem manejo adequado, causam degradação. No entanto, quando tratados e dispostos de forma planejada e controlada podem ser utilizados na produção de biomassa para fins energéticos. Neste contexto, objetivou-se com este trabalho, analisar os efeitos da aplicação de percolado de aterro sanitário no desempenho de unidades gotejadoras, produção de biomassa e avaliação da capacidade de fitoextração do capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) e qualidade de um Argissolo. Para isso, realizaram-se dois estudos na Unidade Experimental de Reuso de Água da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA): a) No primeiro estudo, o experimento foi montado em esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas os tipos de gotejadores (G1, G2, G3 e G4) e nas subparcelas os tempos de avaliação (0, 20, 40, 60, 80, 100, 120, 140 e 160 horas), no delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Nas quatro unidades gotejadoras, abastecidas com percolado de aterro sanitário diluído em água de abastecimento, foram avaliados os indicadores de desempenho hidráulico e a qualidade do percolado diluído, a cada 20 h até completar 160 h. Ao final do ensaio identificaram-se os agentes biológicos de entupimento, presentes no biofilme; e b) No segundo estudo, foram utilizadas 25 parcelas de ARGISSOLO vermelho-amarelo Eutrófico, cada uma nas dimensões de 1,0 x 1,0 m, onde foi cultivado o capim elefante, durante 83 dias. O experimento foi montado no delineamento em blocos casualizados, em esquema de parcelas subdivididas tendo nas parcelas os cinco tratamentos (T1- Parcelas irrigadas apenas com água de abastecimento, T2 - 50% da dose de efluente pelo critério da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos-EPA mais água de abastecimento, T3 - 100% da dose de efluente pelo critério EPA mais água de abastecimento, T4 - 150% da dose de efluente pelo critério EPA mais água de abastecimento e T5 - 200% da dose de efluente pelo critério EPA mais água de abastecimento) e nas subparcelas as cinco profundidades de amostragem do solo (0,00 a 0,10; 0,10 a 0,20; 0,20 a 0,30; 0,30 a 0,40; e 0,40 a 0,50 m), com cinco repetições. Durante o período experimental, analisou-se a qualidade do efluente e da água de abastecimento e as características químicas da planta e do solo. Os resultados indicaram: a) No estudo 1, que os gotejadores obstruídos apresentaram biofilme complexo, de coloração castanho escuro, provavelmente resultante da interação entre sólidos suspensos, condutividade elétrica, sólidos dissolvidos, pH, ferro total e agentes biológicos tais como bactérias, vermes, Fusariun sp, conídios e protozoários; e o gotejador G2 foi o mais indicado para operar com percolado de aterro sanitário diluído, devido ao menor risco de obstrução; e b) No estudo 2, os valores médios de P, Na, Ca, Fe, Cu, Ni, Cd, Pb, SB, CTC e PST foram influenciados positivamente pelas sucessivas aplicações das proporção de percolado mais águas de abastecimento, onde o pH do solo foi o atributo que mais influenciou na disponibilidade dos demais elementos presentes no solo. As plantas de capim elefante avaliadas aos 83 dias após o plantio, estavam nutricionalmente equilibradas em relação aos teores de N, P, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Fe e Cu, mas com concentrações abaixo da faixa considerada normal para Ni, Cd e Pb. Elevadas concentrações de sais provenientes das sucessivas aplicações de percolado propinaram o processo de lixiviação para as camadas mais profundas, especialmente nos tratamentos T4 e T5. Esse fato é justificado pela decorrência do incremento gradual dos conteúdos de N, K, Na, Fe, Zn, Cu e Mn. O melhor tratamento avaliado pelas características químicas e através das características morfogênicas para recomendar o cultivo do capim elefante foi o tratamento T3, e que, elevadas concentrações de percolado aplicados no solo causaram redução na sua qualidade, e consequentemente, na produção de biomassa dessa cultura. O uso do percolado através do processo de recirculação nas células do aterro sanitário é uma técnica ecologicamente correta e segura, onde aliada à produção de capim elefante, favorece tanto uma destinação final adequada e viável para este efluente, quanto à produção de briquetes para fins energéticos a partir da biomassa vegetal produzida para substituição da madeira, em fábricas de material cerâmico e padarias do semiárido.