OCORRÊNCIA E FATORES AMBIENTAIS ASSOCIADOS À OCORRÊNCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR Rhipicephalus sanguineus NA CIDADE DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE
Carrapatos, manejo ambiental, doenças transmitidas por vetores, PCR |
Os carrapatos da espécie Rhipicephalus sanguineus são responsáveis pela transmissão de
inúmeros patógenos aos cães, como Ehrlichia canis, Anaplasma platys, Babesia vogeli e
Hepatozoon canis. A infecção por esses parasitos depende não só da associação entre
vetor e hospedeiro, como também de condições ambientais favoráveis ao seu ciclo de
transmissão. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar a influência de fatores
ambientais para a presença de R. sanguineus na infecção de cães por E. canis, A. platys,
B. vogeli e H. canis. Para tanto, foram incluídos 120 cães atendidos em clínica particular
do município de Mossoró/RN, dos quais foram colhidos quatro mililitros de sangue por
venopunção jugular para extração de DNA e detecção molecular destes quatro parasitos.
Foi realizada anamnese e exame físico de cada paciente, sendo avaliado parâmetros como
coloração de mucosas, temperatura corporal, sinais de apatia, perda de peso e presença
de ectoparasitas. Após a extração de DNA, as amostras foram quantificadas em
espectrômetro e submetidas à PCR para detecção de gene de controle endógeno (β-actina
de cão). Para amplificação de DNA de E. canis e A. platys foi empregada nested-PCR,
enquanto a amplificação de B. vogeli e B. canis foi realizada por PCR convencional.
Foram visitados os imóveis de todos os cães participantes do estudo, a fim de identificar
características que favorecessem a presença do vetor R. sanguineus. Para verificar a
associação das diferentes variáveis estudadas e a positividade para as doenças
pesquisadas, os dados obtidos foram expressos em valores de frequência simples e
porcentagem, e realizados testes de Qui-quadrado e exato de Fisher. O patógeno de maior
prevalência no estudo foi E. canis (13,3%), seguido por A. platys (11,7%), H. canis (6%)
e B. vogeli (6%). A análise de correspondência realizada entre a positividade de E. canis
e as variáveis estudadas, demonstrou influência de fatores como histórico de carrapatos,
não vacinação e não uso de medicações antiparasitárias. As principais características
ambientais que correlacionadas com a infecção por E. canis foi a presença de árvores e
jardins nas residências. O reconhecimento dessas características pode implicar na
elaboração de estratégias mais eficazes de prevenção e controle, visto que atividades de
manejo ambiental buscam diminuir a interação entre vetor e hospedeiro, e
consequentemente, a exposição a doenças por eles transmitidas.