MANEJO AMBIENTAL PARA O CONTROLE VETORIAL DA LEISHMANIOSE VISCERAL EM ÁREAS ENDÊMICAS DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ RIO GRANDE DO NORTE
Fatores ambientais. Calazar. Vigilância entomológica.
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma zoonose de importância em saúde pública,
cuja transmissão ocorre por meio da picada de flebotomíneos fêmeas, sendo a espécie
Lutzomyia longipalpis o principal vetor da LV nas Américas. Conhecer os fatores de risco
e as atividades de manejo ambiental são medidas que irão diminuir a frequência do vetor
nas áreas de risco. Dessa forma, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a interferência do
manejo ambiental na transmissão vetorial de LV em áreas endêmicas. Foi feita uma
revisão de literatura alicerçada em artigos de pesquisa, notas prévias, revisões de literatura
e pequenas comunicações que abordassem estudos sobre os fatores de risco relacionados
à presença de flebotomíneos. Duas áreas foram selecionadas para a avaliação do efeito do
manejo ambiental, uma onde houve o manejo ambiental denominada área intervenção e
a área que não houve atividade de manejo ambiental, área controle. Em cada área foram
foram utilizadas armadilhas luminosas para coleta dos flebotomíneos. A detectação da
infecção de flebotomíneos por L. infantum foi realizada por qPCR utilizando o kit
comercial DNeasy® Blood & Tissue (Qiagen®, Hilden, Alemanha) para a extração do
DNA. Os dados foram analisados pelo programa estatístico Statistical Package for the
Social Sciences e teste de correlação de Spearman para identificar a correlação entre as
variáveis. Os resultados da revisão mostram que a pesquisadora Nanci Akemi Missawa,
professora do Univag Centro Universitário Cuiabá, é a autora que mais apresenta pesquisa
sobre os fatores de risco para a LV. Os fatores de risco mais citados na literatura científica
associados à presença do vetor da LV americana incluem, presença de animais
domésticos, anexos domiciliares, ausência de atitudes preventivas e características
socioeconômicas precárias. Foram capturados 768 flebotomíneos, e em seguida foi
realizada a identificação morfológica dos flebotomíneos e as espécies encontradas foram
L. longipalpis (751), L. evandroi (11), L. trinidadenses (03) e L. sallesi (03). Houve
correlação entre as variáveis temperatura interna e externa e umidade interna e externa, e
correlação entre número total de flebotomíneos no peridomicílio e o número de machos
e fêmeas no intra e peridomicílio. O resultado da qPCR demonstrou que a área controle
teve maior número de pools (16) e destes sete foram positivos para infecção por L.
infantum. Já a área intervenção teve três pools e todos foram positivos. Os resultados da
aplicação do manejo ambientaldemonstram que a espécie L. longipalpis continua
predominante na região, e que o manejo ambiental diminui a frequência de captura de
flebotomíneos, contribuindo para o controle da população de flebotomíneos. Ainda que
no primeiro ano de atividades o manejo ambiental não contribua significativamente para
a redução da taxa de infecção de flebotomíneos por L. infantum, a longo prazo, a redução
da população desses vetores em número, consequentemente levará a uma redução da sua
taxa de infecção.