A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença crônica potencialmente fatal quando não tratada. No Brasil, a doença é causada pelo protozoário Leishmania infantum o qual é transmitido pelo flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, com o cão como principal reservatório urbano. O controle desta afecção tem consistido em um desafio para a Saúde Pública, como proposta de medida de prevenção individual e controle da LV canina tem-se a utilização de coleiras impregnadas com deltametrina a 4% cuja proteção está baseada no efeito repelente e inseticida da deltametrina sobre o flebotomíneo. Assim, a pesquisa tem como objetivo avaliar a efetividade de coleiras inseticidas em cães sobre a prevalência da LV canina e taxa de infecção de flebotomíneos para L. infantum em áreas de elevada transmissão da infecção. A pesquisa foi realizada em duas áreas equidistantes do município de Mossoró/RN com características ambientais semelhantes, em ambas as áreas foram realizadas dois inquéritos sorológicos caninos semestrais e a pesquisa de flebotomíneos durante um ano. Em uma das áreas foram realizados apenas os procedimentos citados anteriormente, sendo denominada Área Controle (AC), e na outra foram também realizados dois encoleiramentos caninos com coleiras impregnadas com deltametrina a 4%, que ocorreram a cada seis meses. O protocolo do diagnóstico para a LV canina foi por meio do DPP como método de triagem e ELISA para a confirmação dos casos positivos. Para a coleta de flebotomíneos foram selecionadas três casas de ambas as áreas, os insetos coletados foram identificados por espécies e separados em pools de até 10 insetos por espécie, sexo, mês, local e área da coleta. Para as fêmeas foi realiza a PCR em tempo real para a detecção de L. infantum. A análise para a prevalência canina foi realizada através do teste de Qui-quadrado, e a taxa de incidência da doença através do Odds ratio. Como resultados obteve-se que foram obtidos 4 pools positivos de L. longipalpis da AE entre os meses de agosto a dezembro, todavia, após este período inicial não foram mais observada a infecção pelo parasita até o final da pesquisa. Com relação às taxas de prevalência e incidência da LV canina, não foi possível realizar a comparação entre as áreas de controle e encoleiramento, todavia, avaliando-se as áreas isoladamente, pode-se que o uso das coleiras foi capaz de reduzir a prevalência da doença nos cães, e reduzir em 57% as chances de ocorrência de novos cases da doença na AE. Com base nos resultados, a utilização de coleiras impregnadas com deltametrina a 4% permite sugerir que o uso contínuo das coleiras tem o potencial de reduzir a infectividade dos flebotomíneos para L. infantum, bem como reduzir a prevalência e evitar a ocorrência de novos casos da doença. Assim, o uso destas coleiras pode ser indicado como medida de controle para a LV em municípios endêmicos para a doença.