UM GOLPE À BOLIVIANA: A INTERSEÇÃO ECONÔMICA E ÉTNICA DA CRISE DE ESTADO EM 201
Bolívia; Elemento econômico e étnico; Golpe de Estado; Marxismo.
A presente pesquisa aborda o golpe de Estado na Bolívia, em 2019. Analisando o contexto social e político do período e, especificamente, os sujeitos sociais que influenciaram e efetivaram os acontecimentos golpistas do dia 10 de novembro de 2019. Destarte, questiona e investiga onde estão inseridos tais indivíduos no elemento econômico e étnico da sociedade boliviana. Ainda, a metodologia aplicada na pesquisa parte do materialismo histórico-dialético, trabalhando com as categorias marxianas de totalidade, historicidade e dialética para a compreensão das condições históricas, políticas e materiais e da correlação de forças das classes sociais no interior do Estado boliviano. Ademais, adotando a técnica de pesquisa bibliográfica com a descrição de amostra – documentação indireta – sobretudo, de marxistas da América Latina. A hipótese abordada é de que o golpe representou a condensação material da correlação de forças dentro da formação social concreta da Bolívia, os participantes representavam os interesses da elite econômica para a manutenção de acumulação do capital e estando associada ao processo de rejeição do Estado Plurinacional. Portanto, a Dissertação está estruturada em três capítulos. Primeiramente, pesquisando sobre a formação da complexa sociedade boliviana e as mobilizações populares de contestação da realidade imposta por um Estado aparente. Destarte, a instabilidade democrática e a soberania da Bolívia são estudadas a partir da intersecção do sujeito étnico e o econômico. O segundo capítulo está centrado na análise da ascensão do camponês-indígena-popular como força política em âmbito nacional que, inicialmente, resultou na vitória presidencial de Evo Morales e, posteriormente, na construção do Estado Plurinacional. Nesse aspecto, destaca-se a investigação dos governos Evo-Linera no âmbito social, político e econômico com o proceso de cambio, finalizando o capítulo com o esmiuçar do processo constituinte e da Constituição Plurinacional de 2009. O terceiro capítulo enfatiza a ascensão dos regimes antidemocráticos na atualidade sob um viés próprio dos acontecimentos na Bolívia em 2019. Para tanto, foi examinado o processo eleitoral e a contagem dos votos presidenciais, as renúncias forçadas de Evo Morales e demais membros da linha sucessória presidencial e a ascensão de Jeanine Áñez à Presidência da República sem aplicar o devido procedimento constitucional. A pesquisa dos atores do golpe de Estado foi centralizada em uma análise dos atores externos e internos, o papel dos agentes internacionais e nacionais, respectivamente. Finalizando o respectivo capítulo com o processo eleitoral de 2020 e a reinserção do MAS ao poder presidencial. As considerações finais da pesquisa estão em consonância com a hipótese inicial de que houve um golpe de Estado impetrado pela elite econômica boliviana com o intuito de dirimir o Estado Plurinacional, sob fundamentos religioso, moral e econômico de cunho neoliberal. Por fim, a vitória do MAS-IPSP na eleição presidencial em 2020, sintetiza uma reação e descontentamento social pelo golpe impetrado e, sobretudo pelo governo de Áñez na violação dos direitos humanos de indígenas, camponeses e operários contrários ao regime antidemocrático.